Da Redação com Lusa
A associação de comerciantes e exportadores de vinho pediu ao Governo de Portugal que agilize um plano extraordinário de apoio a esta fileira, face ao aumento dos custos, que deixou “à beira da falência” pequenos e médios produtores.
“O aumento continuado dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral, está a levar inúmeros pequenos e médios produtores, que constituem o grosso do tecido empresarial da fileira vitivinícola, à beira da falência”, apontou, em comunicado, a Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (ANCEVE).
A associação considerou assim ser “urgente e imperioso” que o Governo agilize um plano extraordinário de apoio à fileira do vinho.
Por outro lado, pediu um apoio à tesouraria, sem juros, para que as adegas cooperativas e compradores de uva possam pagar aos vitivinicultores as uvas após a vindima.
No que se refere ao preço do gasóleo agrícola, que ronda quase 1,80 euros por litro, o setor quer um “reforço do apoio”. Adicionalmente, reclama ajudas ao investimento em barricas e para a ‘stockagem’ de garrafas.
Já no âmbito dos programas de promoção de vinho, a ANCEVE pede uma linha para as pequenas e médias empresas, “com candidaturas muito simples e apoios forfetários à margem do Vitis” – Regime de apoio à reestruturação e reconversão das vinhas, para a realização de ações de promoção a partir de 2023.
No documento, a fileira lamentou ainda que o Ministério da Agricultura seja uma “estrutura fragilizada, excessivamente burocratizada, despojada de estratégia e sem rumo”.
Para a ANCEVE, o ministério “deveria ter força para impedir as cativações financeiras que vêm retirando muitos milhões de euros aos cofres do IVV [Instituto da Vinha e do Vinho] e do IVDP [Instituto dos Vinhos do Douro e Porto]”.
Criada em 1975, a ANCEVE é uma instituição sem fins lucrativos, que representa os principais agentes econômicos do setor, segundo informação da associação.
Campanha
De acordo com as previsões do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), decorrentes da auscultação feita às entidades regionais representativas, a produção de vinho deverá baixar em Portugal cerca de 9% face à vindima anterior (caracterizada por uma produção anormalmente elevada), indicou, em comunicado.
No entanto, as estimativas apontam para um volume na ordem dos 6,7 milhões de hectolitros, mais 2% em relação à média das cinco últimas campanhas.
Por região, destacam-se Douro e Porto e Lisboa com quebras expectáveis de 20% em termos do volume.
As regiões do Minho (10%) e das Terras de Cister (10%), por sua vez, deverão apresentar os maiores aumentos percentuais.
O IVV referiu ainda que, no geral, as uvas apresentam um “bom estado fitossanitário”, sem doenças ou pragas.
No entanto, o calor e a falta de água “poderão acentuar o stress hídrico, pelo que as condições climatéricas que se verificarem até à vindima, serão determinantes na quantidade e qualidade da colheita”, apontou.