Da Redação com Lusa
Sete novos locais, incluindo o complexo florestal de Kaeng Krachan (Tailândia) e o complexo arqueológico de Arslantepe (Turquia), foram inscritos na segunda-feira na lista de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
A decisão foi tomada na 44.ª sessão anual do comité do patrimônio mundial que está a decorrer em formato virtual a partir da cidade de Fuzhou, no sudeste da China, desde o passado dia 16 de julho.
Quatro dos sete novos locais passam a integrar a lista “devido aos seus atributos naturais”, segundo anunciou a organização que integra o sistema das Nações Unidas.
A par do complexo florestal de Kaeng Krachan (Tailândia), o comité classificou igualmente as ilhas japonesas Amami-Oshima, Tokunoshima, Iriomote e a parte norte da ilha Okinawa, as planícies de Getbol (República da Coreia) e as florestas tropicais e áreas pantanosas de Colchis (República da Geórgia).
Os outros três locais foram inscritos na lista de Patrimônio Mundial por causa do seu valor cultural.
Além do complexo arqueológico de Arslantepe (Turquia), a lista da UNESCO passa também a integrar a extensão da Linha de Defesa de Amesterdão (conjunto de estruturas defensivas agora conhecido como Linhas de Água de defesa holandesas – Países Baixos) e as Colónias de Beneficência (Bélgica/Países Baixos).
Na sessão de hoje, o comité decidiu adiar para terça-feira a análise das candidaturas relacionadas com locais no Peru, Uruguai, Romênia e no Brasil.
No caso do Brasil, a candidatura é relativa ao jardim tropical Sítio de Burle Marx, localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro.
No domingo, o comité da UNESCO divulgou a integração de outros quatro novos locais na lista de Patrimônio Mundial, nomeadamente o Paseo del Prado, os jardins do Buen Retiro e o complexo arquitetônico, artístico e natural que os rodeiam, em Madrid (Espanha).
No sábado, a UNESCO já tinha decidido incluir na lista de Patrimônio Mundial onze cidades termais europeias, a expressão do pré-modernismo de Mathildenhöhe, em Darmstadt, na Alemanha, frescos italianos do século XIV, em Pádua, e a área cultural de Hima, na Arábia Saudita.
O comité estará reunido até 31 de julho e a análise de candidaturas vai prosseguir até à próxima quarta-feira, dia 28.
Desde o início desta sessão anual do comité, a zona portuária de Liverpool (Inglaterra) foi retirada da lista de Património Mundial, por causa da promoção imobiliária, no espaço urbano, a cidade italiana de Veneza saiu da lista de património em risco, por ter proibido o acesso de grandes navios de cruzeiro, e à Turquia foi exigido um relatório sobre o estado de conservação da antiga basílica de Santa Sofia, em Istambul, a apresentar até 2022.
Sítio Burle Marx
Legado do paisagista brasileiro que criou o conceito de jardim tropical moderno, o Sítio Roberto Burle Marx (SRBM) pode ser chancelado na categoria Sítio Cultural, que reconhece espaços de valor universal excepcional para a cultura da humanidade. Localizado na Barra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro (RJ), o espaço de 407 mil metros quadrados de área florestal, abriga uma coleção com mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais.
“O Sítio Roberto Burle Marx foi o ‘laboratório de criação’ onde foram desenvolvidos o repertório botânico e a experimentação paisagística que viabilizaram a produção do novo paradigma no campo do paisagismo, o jardim tropical moderno. Por isso, e também por reconhecermos a eloquência dessa extraordinária obra de arte como discurso formal a favor da proteção do meio ambiente e da valorização da flora tropical, acreditamos na pertinência de sua inscrição como patrimônio cultural em nível mundial”, ressalta a diretora do SRBM, Claudia Storino.
Jardins, viveiros de plantas, sete edificações e seis lagos integram este espaço singular. A propriedade também guarda um acervo museológico de mais de três mil itens, formado por coleções de arte cusquenha, pré-colombiana, sacra e popular brasileira.
Maior e mais importante registro da obra de Burle Marx, o Sítio recebe cerca de 30 mil visitantes por ano. Conhecido internacionalmente como um dos mais relevantes paisagistas do século XX, Roberto viveu no Sítio entre 1973 e 1994. Nestes 20 anos reuniu plantas de diversas partes do mundo na propriedade, algumas em risco de extinção.