Por Igor Lopes
Entre os dias 21 e 22 de novembro, o Centro de Pesquisa e Formação do Serviço Social do Comércio (Sesc), em São Paulo, vai receber o terceiro Seminário da Comissão para Promoção de Conteúdo da Língua Portuguesa (CPCLP), sob o tema “Aprender em Língua Portuguesa”. O objetivo do evento é destacar a educação em português nos países e nas comunidades que adotam a língua, dando visibilidade a ações educativas e pesquisas acadêmicas que abordam o assunto dentro dos segmentos da educação, da literatura e da comunicação. O encontro irá contar com as participações de autoridades e escritores.
O seminário está a ser promovido pela Câmara Brasileira do Livro, por meio da Comissão para Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa, e conta com o apoio do Sesc São Paulo, da Universidade de São Paulo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, do Consulado-Geral de Portugal em São Paulo e do Instituto Camões.
Para melhor compreender as linhas que norteiam o seminário, conversamos com Francis Manzoni, coordenador editorial nas Edições Sesc e coordenador da Comissão para Promoção de Conteúdo em Língua Portuguesa na Câmara Brasileira do Livro. Este responsável, que é também mestre em história pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e doutor na mesma área pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com passagem pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, na França, explicou as motivações da realização do certame, sublinhou a importância de se defender e expandir a língua portuguesa no mundo, falou sobre a participação dos responsáveis pelo Instituto Guimarães Rosa, do Brasil, e do Instituto Camões, de Portugal, e destacou o peso da participação de nomes ligados ao cenário da literatura em língua portuguesa no evento.
Qual é o objetivo do seminário?
Para início de conversa, eu poderia citar quatro objetivos principais: 1) valorizar os pesquisadores e dar visibilidade às pesquisas sobre língua portuguesa; 2) apresentar para um público mais amplo, e de outras áreas das ciências humanas, várias questões que envolvem o nosso idioma; 3) atrair leitores de literatura e pesquisadores da língua portuguesa para o mesmo ambiente de aprendizado e 4) estabelecer conexões com diversos órgãos de promoção da língua portuguesa no Brasil e no exterior com o propósito de compartilhar experiências e somar forças.
Quais são as diferenças de ação entre o Instituto Guimarães Rosa e o Instituto Camões?
Esta questão será respondida durante o seminário por representantes desses dois órgãos de governo. Sabemos que o Instituto Camões, ligado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, desenvolve um forte trabalho de promoção da língua portuguesa nos países que foram suas colônias e nas nações onde há grande concentração de falantes de português como língua de herança ou por motivos econômicos. Com o Instituto Guimarães Rosa, o Brasil, por meio do Itamaraty, propõe valorizar a língua portuguesa falada no país e a imagem do Brasil de modo geral, tendo também em vista aspectos econômicos das relações exteriores. Nesse cenário, as perguntas que me cabe colocar são: quais são os pontos de convergência entre os dois institutos, que tem a língua portuguesa em comum, e de que poderiam trabalhar conjuntamente?
Qual é a importância dessas duas entidades no mundo da língua portuguesa?
A relação entre essas duas entidades é da maior importância: o Instituto Camões por ser um órgão estratégico – e potente – do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Muitos interesses econômicos portugueses estão ligados às antigas colônias onde o país europeu mantém negócios, influência cultural e populações lusodescendentes. O Brasil, que é o maior país falante de português do mundo, é também a sexta economia do planeta. Não é possível falar em valorização e promoção da língua portuguesa sem o Brasil. A ideia é somar esforços e conjugar interesses.
A instituição, recentemente, do dia mundial da língua portuguesa pode auxiliar, ainda mais, na internacionalização desse código linguístico?
Sem dúvida, é um marco importante, mas antes disso vem a imagem dos países que carregam a língua. Economias prósperas e diversidade cultural oferecem maiores chances de atrair interessados em aprender o português. Nesse campo, é preciso melhorar a imagem do Brasil.
Ter a língua portuguesa como língua oficial das Nações Unidas é ainda um sonho distante?
A soma de esforços entre os diversos países de língua portuguesa, especialmente aqueles com economias mais pujantes, seria um modo de fortalecer a candidatura.
Quem irá palestrar?
As estrelas do seminário são as escritoras Conceição Evaristo, homenageada pelo prêmio Jabuti 2019, e a luso-angolana Djaimilia Pereira de Almeida. O escritor Rafael Gallo, que começou a sua trajetória como vencedor do Prêmio Sesc de Literatura, falará sobre essa premiação.
Por fim, o que os participantes podem esperar do evento?
Os ouvintes são o nosso público-alvo, aqueles que estão interessados na língua portuguesa para começar a desenvolver as suas próprias pesquisas, professores que poderão incorporar conhecimentos às suas práticas em salas de aula, leitores que poderão ter acesso aos encontros sobre literatura, estrangeiros que estão aprendendo esse novo idioma. Em todos esses espaços, algo muito particular e universal estará presente: a língua com que compreendemos, sentimos e vivemos o mundo. Todos são bem-vindos!
Programação:
A abertura acontece no dia 21 de novembro, com as presenças do diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, do presidente da Câmara Brasileira do Livro, Vitor Tavares, do cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Jorge Pereira Nascimento, e do presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca. Neste mesmo dia, a professora Rita Chaves da Universidade de São Paulo (USP) fala sobre Literaturas em língua portuguesa na África, às 11h. Às 16h30, com mediação do escritor Cristhiano Aguiar, acontece um encontro com a escritora Djaimilia Pereira de Almeida.
No dia 22, às 10h, a diretora do Instituto Camões CCP – Brasília, Alexandra Pinho, e a representante do Ministério das Relações Exteriores e Diretora do Departamento Cultural do Itamaraty, Paula Alves de Souza, participam da Mesa Instituto Guimarães Rosa e Instituto Camões – convergências e linhas de ação. Às 14h30, a autora Elza Miné e o professor Benjamin Abdala Junior, organizador do livro Ecos do Brasil: Eça de Queirós, leituras brasileiras e portuguesas (Edições Sesc), participam de bate-papo. Encerrando o seminário, os escritores Conceição Evaristo e Rafael Gallo participam da mesa Prêmios e homenagens – o valor do reconhecimento literário, com mediação do jornalista Guilherme Sobota.
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