Por Ronaldo Andrade
O ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, está sendo cotado para ser candidato a presidente da República na eleição de 2022. Seria ele o nome da terceira via a tentar quebrar a polarização política de Bolsonaro (sem partido) e Lula (PT)?
Está (?) prevista para o mês de novembro a filiação do ex-ministro ao Podemos, partido que tem interesse em sua participação devido ao crescimento que – com o perdão do trocadilho – poderá acrescentar em sua bancada no Senado Federal (atualmente composta por nove senadores), à Câmara dos Deputados (dez parlamentares) e mesmo estaduais, devido à entrada de Moro na corrida eleitoral, o que sempre ajuda a puxar votos ao partido.
No noticiário também se comenta uma possível filiação de Moro ao União Brasil, novo partido surgido com a fusão do PSL (Partido Social Liberal) com o DEM (Democratas). Várias pesquisas também estariam sendo realizadas para avaliar sua viabilidade eleitoral, e uma equipe já estaria sendo montada para encarar a disputa, seja a presidente, ao governo do estado do Paraná ou ao Senado Federal pelo estado de São Paulo. Essas duas opções à mesa de Moro se situam, dentro do espectro político, ao centro / centro-direita.
Notabilizado por sua atuação na Operação Lava Jato, tendo determinado a prisão do ex-presidente Lula, além de ter se desentendido com o presidente Jair Bolsonaro devido à suposta interferência política na Polícia Federal, Moro teria possibilidade de crescimento e viabilidade eleitoral a cerca de um ano da eleição?
Há uma parte do eleitorado brasileiro que possui ojeriza à citada polarização, e nisso apostam os defensores da candidatura do ex-juiz federal, que poderia angariar os votos desses eleitores no primeiro turno e, posteriormente, em um eventual segundo turno, conseguir os votos dos eleitores do candidato (Lula ou Bolsonaro) que ficar fora da disputa – mesmo sabendo que a tendência é que Moro seja rejeitado por ambos os lados. Nesse caso, seria uma espécie de “voto útil” (ou “inútil”, diriam alguns).
Obviamente que Moro também vira vidraça e terá que explicar algumas de suas atuações, como por exemplo, sua suspeição reconhecida pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no caso da condenação do ex-presidente Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, referentes ao triplex em Guarujá / SP. Posteriormente, o ministro Gilmar Mendes também estendeu suspeição aos casos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula.
Uma consideração, sem dúvida, que provavelmente passa na cabeça (talvez um desejo) de milhões de eleitores: seria muito interessante ver um debate presidencial com a participação de Moro, Lula e Bolsonaro, sem contar com o já anunciado pré-candidato Cabo Daciolo, recentemente filiado ao Partido 35 (que afirmou que não é a terceira via, mas sim a primeira). De tantas dúvidas que pairam no cenário político brasileiro, talvez essa seja uma das poucas certezas. Glória a Deus?
Por Ronaldo Andrade
Escritor e jornalista brasileiro