Da Redação
Entre 21 e 22 de março, a Unibes Cultural vai receber em São Paulo um seminário com Adélia Borges e Barbara Coutinho, que explora as trocas culturais entre Portugal e Brasil no campo do design.
O seminário integra os preparativos para a exposição de design que será apresentada no âmbito da programação oficial de Lisboa 2017 Capital Ibero Americana da Cultura, e terá a participação de Bárbara Coutinho, diretora do Museu de Design e Moda (MUDE) de Lisboa, e de Adélia Borges, que assinam a curadoria conjunta da mostra.
“Num olhar transversal, buscam-se as influências recíprocas entre os dois países quanto ao design de objetos, móveis, embalagens, peças gráficas e vestuário, desde o início da colonização até os dias de hoje” divulga a organização.
A curadoria e a mediação do seminário são de Adélia Borges, crítica, historiadora de design e artesanato e curadora. Autora de mais de uma dezena de livros, entre eles Design + Artesanato: O Caminho Brasileiro, de 2011; Sergio Rodrigues, de 2005; e Designer não é Personal Trainer, de 2002, ela foi entre 2003 e 2007 diretora do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo (SP). De 1998 a 2014 foi professora de história do design na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), e colaboradora em vários veículos de comunicação.
As curadoras se inspiraram na expressão do artista Leonilson – Um Oceano Inteiro para Nadar – para buscar essas confluências, que apontam para renovadas possibilidades de intercâmbios no presente e no futuro.
A mostra será realizada em Lisboa em outubro de 2017, confira a programação:
21.3 – Lisboa Capital Ibero-Americana da Cultura
Bárbara Coutinho, diretora do Museu de Design e Moda (MUDE), de Lisboa, apresenta a concepção geral do MUDE dentro da programação de Lisboa Capital Íbero Americana da Cultura, sumarizando as três exposições que vai realizar no decorrer do ano.
Matriz lusa
Apresentação do episódio “Matriz lusa” da série de documentários “O povo brasileiro”, com direção de Isa Grinspum, realizado a partir da obra homônima de Darcy Ribeiro. A diretora estará presente.
O pensamento de Agostinho da Silva
Marcelo Ferraz traz à luz algumas das ideias do filósofo, poeta e ensaísta português Agostinho da Silva (1906-1994), que residiu no Brasil de 1947 a 69 e é autor de uma reflexão importante sobre os diálogos entre Brasil, Portugal e países da África.
Designers gráficos portugueses no Brasil
Chico Homem de Mello, professor da FAU-USP e co-autor do livro “Linha do Tempo do Design Gráfico Brasileiro”, analisa as obras gráficas dos portugueses Bordalo Pinheiro, Manoel Mora, Arcindo Madeira, Jayme Cortez e Fernando Lemos, todos com períodos de residência no Brasil, da década de 1910 até hoje.
Joias binacionais
A designer de joias paulistana Márcia Cirne Lima se divide entre casas em São Paulo e em Lisboa. Ela vai relatar a influência de Portugal no seu trabalho e a utilização de materiais portugueses em suas criações, de ferragens a pedaços de cortiça bruta.
Lã lá e cá
A designer gaúcha Inês Schertel apresenta seu trabalho em lã de ovelha feltrada, que dialoga com o da Burel Factory e Volume Atelier, da Serra da Estrela, Portugal.
22.3 – Um olhar desde o Brasil
Adélia Borges apresenta um resumo do que vem pesquisando para integrar a exposição “Tanto Mar! – Fluxos Transatlânticos do Design”, que vai abrir em 28 de outubro em Lisboa. Dos padrões florais portugueses levados por missionários à Amazônia e incorporados nas cuias de Santarém às calçadas de Copacabana, serão abordadas múltiplas confluências entre os dois países, incorporando ainda as trocas com alguns países africanos.
Joaquim Tenreiro
O historiador, curador e colecionador Jayme Vargas, autor do livro “Desenho da Utopia”, vai situar historicamente a contribuição ímpar de Joaquim Tenreiro ao móvel brasileiro.
Tapeçaria portuguesa no Brasil
Graça Bueno, diretora da Galeria Passado Composto Século XX, apresenta suas pesquisas recentes em torno da influência portuguesa na tapeçaria brasileira.
Mosaicos
A arquiteta e artista portuguesa Isabel Ruas abordará a relação do azulejo e do mosaico com a arquitetura. Ela salienta a delicadeza da abordagem decorativa que se faz em Portugal e está em tudo: das rendas às louças, bordados e jardins. Autora do livro “Mosaicos na arquitetura dos anos 50: quatro artistas modernos em São Paulo”, Isabel vai analisar a forma como os azulejos e mosaicos foram absorvidos no Brasil e contará também de seu trabalho na Oficina de Mosaicos, que criou em 1982 em São Paulo.
Olê mulher rendeira
Ivan Vieira aponta paralelos entre práticas artesanais em Portugal e no Brasil, detendo-se principalmente nas rendas. Bacharel em Ciências Sociais pela USP, Ivan passou um período de intercâmbio acadêmico na Universidade do Porto, em Portugal, entre 2015 e 2016.
Diálogos com a África
A designer Cris Barreto relata as ações de revitalização do artesanato em Moçambique e São Tomé e Príncipe que vem desenvolvendo desde o início dos anos 2000 como integrante da equipe de Renato Imbroisi. No momento o grupo prepara uma ação em Portugal.
Um olhar desde Portugal
Bárbara Coutinho comenta as contribuições dos palestrantes nos dois dias e traz sua intenção de mostrar como os designers dos dois países têm discutido o tema da identidade, da memória coletiva e da cidadania global, através de várias expressões (produto, moda, gráfico).