Por Odair Sene
Mundo Lusíada
No dia 12 de abril o novo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luis Carneiro esteve pela primeira vez em São Paulo (em visita oficial) após assumir a pasta. E Santos foi sua primeira aparição na condição de “Secretário de Estado”.
Junto da comitiva esteve o Embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles, o Embaixador para Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas, João Maria Cabral e ainda com a delegação o assessor Victor Pinto. De São Paulo esteve o Cônsul Geral, Paulo Lopes Lourenço, o Cônsul Honorário Armenio Mendes (de Santos) não pôde comparecer por problemas de saúde, e foi representado pelo gestor José Augusto do Rosário, que recepcionou autoridades presentes e foi um dos responsáveis pela organização do evento. Representando o poder público da cidade de Santos, esteve o prefeito Paulo Pinheiro, o presidente da Câmara Municipal, Manuel Constantino, o secretário municipal de Serviços Públicos, Carlos Russo, o vereador da Câmara Municipal de Santos, Murilo Barletta, o propositor da solenidade/homenagem Braga Antunes Leça, que atuou como vereador de 2005 a 2012.
José Luis Carneiro, veio a Santos para a cerimônia de Inauguração de um busto em homenagem ao senhor José Augusto Martins Ogando dos Santos, um português natural de Lisboa que veio para o Brasil na década de 1940, tendo permanecido no Brasil onde formou família e trabalhou como vice cônsul por cerca de 50 anos.
A lista de serviços prestados pelo Dr. Ogando é extensa. Segundo os proponentes da homenagem, o advogado foi autor de diversas iniciativas importantes para a Comunidade Lusíada, tais como o Padrão dos Descobrimentos, instalado na Ponta da Praia, monumento idealizado por ele. Foi quem elaborou os estatutos do Elos Clube de Santos e do Elos da Comunidade Lusíada; fez os estatutos da Casa da Madeira, como também da UNELUS – União das Entidades Lusíadas de Santos, da Fundação Lusíada e de outras entidades. Foi um dos membros das primeiras comissões executivas da Fundação Lusíada, instituição que ajudou a criar e participar do grande movimento de integração lusíada levado a efeito pela UNELUS em 1963.
Nunca a frieza das burocracias anulou o sentimento de fraternidade respeitosa de que José Ogando dos Santos sempre revestiu suas atitudes, profundamente humanas. Foi muito conhecido e querido por toda a comunidade portuguesa, o que era recíproco, pois gostava do que fazia, já que tinha uma formação humanística e no consulado teve oportunidade de servir, defendendo interesses portugueses e brasileiros. Faleceu em Santos aos 83 anos em 06 de dezembro de 2004.
Nesta ocasião autoridades luso brasileiras, como de Santos e autoridades vindas de Portugal se uniram para inauguração do busto instalado na Praça dos Expedicionários, localizada na confluência das avenidas Ana Costa e Francisco Glicério, no Gonzaga, espaço que ganhou novo visual após a Prefeitura realizar obras de revitalização do espaço, que contou com coordenação da subprefeita da Orla e Zona Intermediária, Fabiana Ramos Garcia Pires.
A revitalização contou com instalação de bancos e lixeiras, de novo paisagismo e a instalação do busto em homenagem ao antigo cônsul de Portugal, José Augusto Martins Ogando dos Santos. O custo dos serviços somaram R$ 75.000,00.
Após o evento de inauguração, a comunidade organizou uma solenidade seguida de coquetel na sede do Centro Cultural Português de Santos. Evento que foi presidido por José Duarte de Almeida Alves, o presidente da casa.
Secretário encontra tio-avô de 101 anos
Em sua primeira visita ao Brasil, o novo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luis Carneiro, fez questão de conhecer a comunidade portuguesa de Santos, onde participou no dia 12 de abril de um coquetel e uma solenidade na sede do Centro Cultural Português.
Após a abertura da solenidade o presidente do Centro Cultural Português José Duarte, fez uso da palavra, assim como o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Ribeiro Telles, e o cônsul-geral de Portugal em São Paulo, Paulo Lourenço. Na sequência, o Secretário de Estado fez seu pronunciamento para a comunidade local presente no evento. Cumprimentou todas as autoridades, como o Dr. Gonçalo Capitão, adido social do Consulado e o cônsul-honorário Armênio Mendes que não pode comparecer ao evento por questões de saúde, e elogiou o papel do José Augusto do Rosário, gestor do Consulado Honorário em Santos, no contato com a comunidade luso-santista pelos serviços consulares, segundo disse.
“Para mim é uma honra muito grande estar aqui em nome do governo português, e ser recebido de braços abertos com tanta manifestação de afeto, de apoio, agora que estou no início destas funções” iniciou seu discurso José Luis Carneiro, em sua primeira visita, depois da Europa, ao Brasil citando os primeiros portugueses que chegaram no país muitas vezes “fugindo da pobreza e que procuravam encontrar nesta terra uma oportunidade de vida digna, cívica e plena”.
Por isso, justificou homenagens como a de José Ogando dos Santos, na inauguração do busto que antecedeu a solenidade. “Quando ouvimos o hino de Portugal, e quando ouvimos o hino do Brasil, sentimos estremecer o nosso corpo, significa que partilhamos de um amor pela pátria”. Citando Fernando Pessoa, o secretário Carneiro disse em seu discurso “minha pátria é minha língua”, abordou a identidade comum que une portugueses e brasileiros “numa relação que foi se constituindo desde os primórdios do descobrimento”.
“Para aqueles que aqui vieram de muitas paragens das Américas, da África, da Ásia, e que encontraram um mundo pleno de realização individual, coletiva da fraternidade, liberdade, igualdade, inspiração de muitos movimentos nacionais que emergira por toda a Europa de liberdade com valores fundamentais” disse ele citando a pátria que une as duas culturas em “bons e maus momentos”.
“Foi essa unidade na diversidade que fez esta grande nação que é o Brasil uma das maiores do mundo, e que em conjunto com Portugal, fossemos capaz de abrir novos mundos ao mundo” disse citando um dos exemplares raros de Os Lusíadas que está na casa. “Luis de Camões é uma das nossas referências, Fernando Pessoa é quem afirmou minha língua minha pátria, mas o Eça de Queiros também retratou na sua escrita a forma como portugueses e brasileiros venceram suas próprias dificuldades e levaram para suas terras de origem fatores de modernidade, transformação e liberdade”.
Segundo o secretário, é a primeira vez que teve oportunidade de estar nesta terra, marcada pela presença portuguesa. Citou ainda os brasileiros que agora querem ter uma identidade portuguesa, depois de participar da Cerimônia de Nacionalidade promovida pelo Consulado de SP, numa cerimônia “profunda” citou. “Neste momento senti que somos de fato uma comunidade de sangue, de território feito também por todos nós, brasileiros e portugueses, que aqui construíram uma nova identidade aberta ao mundo, e uma comunidade de afetos com essa homenagem que vivemos hoje a tarde e que estamos vivendo aqui”.
Finalizando, Carneiro deixou uma mensagem do governo português de compromisso com o futuro. “Estamos comprometidos convosco em dar continuidade ao trabalho que foi sempre feito, década após década nos serviços diplomáticos, e queria aqui elogiar aqueles que entregam suas vidas ao serviço do Estado português porque isso que são nossos embaixadores, entregam suas vidas pessoais e familiares a uma causa, e sendo a causa do Estado português, é também a causa luso-brasileira. Estamos sempre juntos na defesa destes valores”.
José Duarte, em nome de toda comunidade e da diretoria do histórico Centro Cultural, abordou um pouco do espaço que é orgulho para os portugueses da região. “O Centro Cultural é uma obra mais que centenária, é uma prova efetiva de uma integração cultural, social e artística entre portugueses e brasileiros. O homem só será grande se grande for seu ideal, portanto os grandes homens que levaram adiante a ideia do Centro Português, hoje Centro Cultural Português, eram antes de tudo grandes idealistas, no entanto é preciso que se conjugue com identidade os patrimônios, os objetivos e que acompanhe o ritmo dos tempos e desafios de gerações”.
Ao final, Duarte pediu a continuidade da nossa cultura. Elogiou o belo salão nobre da casa e encerrou seu discurso.
Após o encerramento da solenidade todos se confraternizaram num coquetel, instante que o secretário José Luis Carneiro reviu familiares que não encontrava a muito, muito tempo e que vivem ali em Santos. Em especial seu tio-avô Sr. Marcelino Pinto de Freixo, com nada menos que 101 anos e em plena disposição.