Da redação
Com Lusa
O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas garantiu que medicamentos continuam a chegar aos portugueses na Venezuela, esclarecendo que a Associação de Médicos Luso-venezuelanos ficou sem ajuda do Governo português por não ter formalizado candidatura.
“Esta associação recebeu apoios [do Governo português] e, em dezembro, tinha de apresentar nova candidatura, cumprindo as regras estabelecidas para o uso de dinheiros públicos. Não quis. Continuaremos a desenvolver o nosso trabalho com toda a rede que temos na Venezuela e vários médicos da associação manifestaram discordância com a direção e a intenção de continuar a trabalhar connosco”, explicou José Luís Carneiro, no Porto, à margem da apresentação do I Congresso Mundial de Redes da Diáspora Portuguesa.
De acordo com o secretário de Estado, mesmo sem a colaboração da associação que anunciou ter desistido de esperar pela ajuda do Governo, o Estado português continua com a rede atualmente existente, a apoiar cerca de 40 mil portugueses “de todo o território da Venezuela”, que desde 2017 receberam “mais de 500 quilos de medicamentos via mala diplomática”.
De acordo com José Luís Carneiro, o fato de a associação não se ter formalizado a candidatura a novos apoios obriga o Governo “a reorganizar a rede estabilizada em outubro”.
O secretário de Estado lembra que o Governo tem “em vista alargar toda a rede de apoio em termos de saúde e cuidados médicos na Venezuela”, no âmbito de um protocolo com o Ministério da Saúde.
“As circunstâncias que se estão a viver agora dificultam alguns passos na operacionalização de alguns canais que tínhamos em curso”, observou.
O governante vincou que, “para aprofundar e alargar a rede”, o Estado português “conta com os consulados de carreira, conselheiros sociais e com os cônsules honorários que cobrem praticamente todo o território Venezuela”.
“Temos um conjunto de associações da Venezuela que alcançam cerca de 40 mil portugueses de todo o território”, disse.
José Luís Carneiro referiu-se ainda à “rede de permanências sociais portuguesas em 23 estados”, que permitiu “identificar mais de três mil pessoas” e colocá-las “em contacto com embaixada”.
“É contando com toda esta rede que continuaremos a dar o nosso melhor para ajudar portugueses na Venezuela”, garantiu.
Quanto aos 500 quilos de medicamentos que entre 2017 e a atualidade foram enviados para portugueses na Venezuela, o secretário de Estado especificou que “correspondem às substâncias ativas ou são equivalentes terapêuticos em 11 categorias, entre as quais antibióticos, antiarrítmicos, antiepiléticos, protetores gástricos, diabetes, insuficiência coronária e hipertensão”.
“Foram ainda fornecidos um conjunto alargado de outros medicamentos, como antibacterianos, para o aparelho cardiovascular e para o tratamento da demência de Alzheimer”, acrescentou.
Relativamente à associação, José Luís Carneiro disse poder garantir “que todos os médicos que dizem discordar com opções da direção vão continuar a contar com todo o esforço do Estado português”.
“Antes do protocolo com esta associação já, desde 2017, o Estado português desenvolvia trabalho aturado, sendo o primeiro país europeu que desenvolvia trabalho no envio de medicamentos e apoio alimentar àqueles que começavam já a conhecer condições de vida especialmente greves”, recordou.
O governante notou que, em Portugal, “é preciso continuar a contar com boa cooperação institucional da Madeira e dos municípios”, revelando que o presidente da autarquia portuense manifestou “disponibilidade para acolher” famílias “nalguma disponibilidade de alojamento municipal”.
A Associação de Médicos Luso-venezuelanos, que acompanha lusodescendentes doentes na Venezuela, desistiu da ajuda do Governo português e passou a contar com apoio da AMI, tendo desistido de esperar por uma ajuda prometida que, segundo os médicos, nunca chegou.
Carla Dias, uma das responsáveis da associação, disse que “a única coisa que chegou foram medicamentos desajustados das doenças indicadas numa extensa lista, alguns até fora de prazo”.