Sarkozy acusa EUA e Brasil de dumping em biocombustíveis

Em entrevista à BBC Brasil, o consultor do presidente francês para questões agrícolas, Christophe Malvezin, reforçou as críticas de Sarkozy à política do Brasil para o setor.

Da Redação Portugal Digital

Paulo Carrico – 8.dez.2007/Lusa.pt

DECLARAÇÕES >> A Presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante a conferência de imprensa no UE/Africa em Lisboa, Portugal.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, acusou os governos do Brasil e dos Estados Unidos de praticarem um "dumping fiscal sem precedentes na produção de biocombustíveis". E afirmou também que "a Europa não pode ignorar os dispositivos de apoio implementados por esses dois países para desenvolver certos biocombustíveis".

Sarkozy fez essas declarações durante uma reunião da principal federação sindical agrícola da França, a FNSEA.

Em entrevista à BBC Brasil, o consultor do presidente francês para questões agrícolas, Christophe Malvezin, reforçou as críticas de Sarkozy à política do Brasil para o setor.

"A política fiscal do governo brasileiro, de reduzir os impostos nesse setor, incita os consumidores do país a utilizarem etanol e comprarem carros movidos a álcool. E reduz os encargos das empresas que produzem biocombustíveis e carros, criando distorções no mercado", disse Malvezin.

"Essa redução de impostos equivale a uma ajuda direta aos fabricantes de biocombustíveis. É preciso parar de ser ingênuo. O conceito de apoio direto não deve se limitar somente às ajudas concedidas aos agricultores. Benefícios fiscais também são uma forma de apoiar diretamente um setor", argumentou.

Segundo o consultor de Sarkozy, o sistema fiscal favorece as empresas brasileiras do setor, que teriam condições mais vantajosas para exportar seus produtos para a Europa.

A França presidirá a União Européia a partir de julho próximo e Sarkozy deixou claro em seu discurso que endurecerá as posições do bloco nas negociações para a liberalização do comércio mundial na Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Vou me opor fortemente a qualquer acordo contrário aos interesses da França. Há um desequilíbrio flagrante nas negociações, que deve nos levar a reflexões mais aprofundadas sobre o futuro dessas discussões", disse Sarkozy. "Quero reciprocidade e quero equilíbrio nessa negociação internacional", afirmou o presidente francês, acrescentando que a "Europa deve parar de ser ingênua".

A rodada de Doha da OMC para a liberalização do comércio mundial foi lançada em 2001 e deveria ter sido concluída em 2004, mas as discussões estão bloqueadas por causa da falta de avanços nas negociações agrícolas.

Países em desenvolvimento como o Brasil condicionam eventuais concessões nas áreas de bens industriais e serviços a avanços na negociação agrícola, reivindicando maior acesso aos mercados dos países ricos e também o fim dos subsídios aos agricultores nessas economias desenvolvidas.

Ele também expressou seu ponto de vista em uma carta enviada ao presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. "A degradação das discussões agrícolas em detrimento dos interesses da União Européia é muito clara", afirmou Sarkozy na carta.

"A ausência de esforços da parte de grandes países emergentes não condiz com os benefícios que eles obtiveram nos últimos anos com a abertura do comércio internacional", disse o presidente francês. Informações da BBC online.

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