Santiago de Compostela pede adesão à União de Cidades de Língua Portuguesa

Da Redação
Com Lusa

CaminhoSantiagoCompostelaO autarca de Santiago de Compostela (Galiza, Espanha) entende que “o galego faz parte do espaço da Lusofonia”, e que a cidade pode beneficiar economicamente de uma adesão à União de Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA).

Num comunicado divulgado no seu site, a UCCLA anunciou que Santiago de Compostela vai enviar uma proposta formal de adesão à organização que será oficializada e votada na próxima Assembleia-Geral.

“Perante a intenção manifestada por Santiago de Compostela, capital da Galiza, em integrar a UCCLA e após reunião da Assembleia Municipal de Santiago, realizada a 20 de outubro, foi aprovada, por unanimidade, a adesão como membro observador”, indicou a UCCLA.

O presidente da Câmara de Santiago de Compostela, Martiño Noriega Sánchez, afirmou – em declarações à Lusa – que a iniciativa até pertenceu à própria UCCLA.

“Houve interesse por parte da UCCLA de ampliar o raio de ação da entidade e puseram-se em contato com a Câmara [de Santiago de Compostela] e simultaneamente com o parlamento [regional da Galiza], porque o parlamento galego aprovou a Lei Paz Andrade”, disse à Lusa Martiño Noriega.

A lei Paz Andrade, aprovada em 2014, previa a inclusão do ensino da língua portuguesa nos centros escolares do ensino primário e secundário e a promoção de conteúdos em português nos meios de comunicação social públicos. Também visava a entrada das instituições públicas galegas nos organismos internacionais do espaço de língua portuguesa.

“É uma aposta por integrar a dinâmica da Galiza e do seu idioma, o galego, nas coordenadas da Lusofonia”, sintetizou o presidente da câmara de Santiago. Para Martiño Noriega, uma entrada da cidade na UCCLA traria vantagens para Santiago.

“Vemos as vantagens que sempre reivindicamos: somos um país com duas línguas oficiais, uma língua própria que é o galego. Entendemos que o galego partilha o mesmo tronco [comum] com o Português e entendemos que temos de aproveitar isso”, nomeadamente no campo cultural e econômico, disse Martiño Noriega.

“Há que aproveitar esse potencial do galego. Achamos que é complementar ao outro idioma co-oficial, que é o espanhol, e ao seu impacto na América Latina. Achamos que, como galegos, temos uma posição estratégica e temos de reivindicar, de alguma maneira, a irmandade com Portugal e o campo de ação que isso abre”, concluiu.

O galego, disse, “faz parte do campo da Lusofonia”, pelo que as cidades galegas – com Santiago de Compostela à cabeça – reivindicam “a relação que existe entre estes idiomas”. “Existe um “galego internacional” que também faz parte da Lusofonia”, afirmou.

A UCCLA tem como membros efetivos 22 cidades de Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, São Tomé, Moçambique, Timor-Leste, Guiné-Bissau e China (Macau).

Caminho Português
O caminho português para Santiago de Compostela tem estado a crescer significativamente e o número de peregrinos quase duplicou entre 2011 e 2015.

De acordo com o presidente da Associação de Peregrinos Via Lusitana, José Luís Sanches, as estatísticas da Oficina de Peregrinaciones da Catedral de Santiago revelam que em 2011 o caminho português tinha sido percorrido por cerca de 22 mil peregrinos, número que, em 2015, ultrapassou os 43 mil peregrinos.

“É um crescimento muito significativo, já que, em termos globais, o nosso caminho já representa cerca de 16% do número de peregrinos que chega a Santiago, e que já ultrapassa os 260 mil”, especificou.

Números que considera serem um “bom sinal”, mas que também representam um desafio, já que uma percentagem elevada destes peregrinos só faz parte do caminho, optando por partir na zona de fronteira, entre Valença e Tui.

Para José Luís Sanches, o caminho português tem ainda uma margem de progressão considerável, não só pelo aumento global de número de pessoas que percorrem os Caminhos de Santiago e pela “saturação” das rotas de outros países, mas também pelos próprios trunfos, tais como a beleza da paisagem, o bom acolhimento português ou a gastronomia, entre outros.

Condições que ajudam a conquistar peregrinos, cuja proveniência tem sido maioritariamente estrangeira.

“Só a título de exemplo, no ano passado o albergue que temos em Alpriate recebeu cerca de 400 pessoas, só três eram portugueses”, disse, explicando que Itália, Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Holanda, França, Canadá e Espanha são alguns dos países de origem.

Pessoas que, naturalmente, ajudam a dinamizar a economia local das localidades por onde passam, contribuindo também para dar a esses locais uma maior notoriedade, designadamente através das partilhas e testemunhos nas redes sociais e com outros peregrinos.

José Luís Sanches admite que boa parte do trabalho já está feito, mas é preciso agora apostar numa estratégia comum que ajude a tirar melhor partido do mesmo e que, por consequência, ajude a criar condições para uma candidatura do caminho português a Patrimônio da Humanidade.

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