Da redação
Com Lusa
Vão ser realizados projetos científicos durante a volta ao mundo que vai decorrer em 2020 no contexto das comemorações do V Centenário da Circum-Navegação de Fernão Magalhães, segundo o comandante do navio-escola “Sagres”.
“A maior novidade desta viagem está relacionada com a execução de uma série de projetos científicos. Uns vão ser conduzidos pelo navio e outros com o embarque de alguns cientistas que se vão juntar em partes da viagem. Vamos ter uma série de projetos a decorrer, sobre a presença de microplásticos na água e nos seres vivos que habitam os sítios por onde vamos navegar”, disse à Lusa António Maurício Camilo, comandante do NRP “Sagres”.
“Outra componente é a medição de parâmetros quer da atmosfera, quer da água. Vamos levar uma série de sensores que vão recolher dados que depois vão ser analisados durante dois ou três anos”, acrescentou.
Os projetos científicos da Marinha Portuguesa a bordo do navio-escola vão ser realizados em parceria com a Universidade do Minho, Universidade dos Açores e Instituto Hidrográfico da Marinha, entre outras instituições.
O navio-escola “Sagres” parte de Lisboa no dia 05 de janeiro do próximo ano sendo a rota “uma mistura” entre a viagem de Fernão Magalhães combinando a presença do navio-escola em Tóquio durante os Jogos Olímpicos, no mês de julho.
O navio-escola Sagres vai embarcar 144 tripulantes que vão cumprir a rota completa durante 371 dias e vai contar com a presença a bordo de dois grupos de cadetes da Escola Naval, durante cerca de três meses, cada um.
Para o comandante trata-se de um grande desafio porque é uma viagem de 12 meses que implica uma logística “complicada” e muitos “aspetos técnicos” dado que o navio vai navegar em zonas inóspitas e com menos apoio.
“Se para um navio como a ‘Sagres’, completamente diferente de uma nau, há desafios grandes para esta viagem, é fácil de perceber o desafio que havia há 500 anos”, refere Maurício Camilo acrescentando que a viagem do navegador Fernão Magalhães é diferente de todas as outras devido à aventura perante o desconhecido.
“Eu tenho dificuldade em comparar. A abordagem das viagens de Vasco da Gama (Índia: 1497-1498) ou de Bartolomeu Dias (Cabo da Boa Esperança: 1488) foi sistemática. A viagem de Bartolomeu Dias foi o corolário de muitas outras viagens de preparação”, diz o comandante do NRP “Sagres” frisando o caráter singular da “aventura” da primeira circum-navegação.
“A viagem de Magalhães (1519) foi única. Ou seja, (Fernão Magalhães) saiu com objetivo de passar para o Pacífico e acabou por dar a volta ao mundo. É uma viagem que não tem o mesmo nível de planeamento das viagens que a antecederam. Há muito mais aventura e uma maior procura dentro do desconhecido”.
Durante a viagem, o NRP Sagres vai ser “Casa de Portugal” durante o período inicial dos Jogos Olímpicos, no mês de julho, no Japão, tal como aconteceu anteriormente nas olimpíadas no Brasil.
O navio-escola vai participar nas Comemorações dos 500 anos da Descoberta do Estreito de Magalhães, em Punta Arenas, Chile, em outubro, navegando em companhia com o navio-escola espanhol Juan Sebastian Elcano.
A “Sagres”, que vai também navegar entre Díli (Timor-Leste) e Cebu, nas Filipinas, vai estar presente em cidades que compõem a Rede Mundial de Cidadães Magalhânicas e em pontos onde está presente a diáspora portuguesa.
Partindo de Lisboa em Janeiro, a “Sagres” vai fazer escalas em Tenerife, Espanha; Praia, Cabo Verde; Rio de Janeiro, Brasil; Montevideu, Uruguai; Buenos Aires, Argentina; Cidade do Cabo, África do Sul; Maputo, Moçambique; Port Louis, Maurícias.
Na Sudeste asiático vai passar por Singapura; Jacarta, Indonésia; Díli, Timor-Leste; Ternate-Tidore, Indonésia; Cebu, Filipinas (local da batalha onde morreu Fernão Magalhães em 1521); Catbalogan, Filipinas; Xangai, República Popular da China; Tóquio, Japão.
No Pacífico a rota prevê passagens por Honolulu, território dos Estados Unidos; Papeete, território ultramarino francês; Punta Areanas e Valparaíso, Chile; Callao, Peru e Cartagena das Índias, Colômbia.
O navio faz escala em Ponta Delgada no dia 04 de janeiro de 2021 e regressa a Lisboa no dia 10 de janeiro.