Da Redação com Lusa
O presidente do PSD confirmou que irá deixar a liderança do PSD e será o Conselho Nacional a marcar a data das próximas diretas, mas manifestou vontade de sair até ao início de julho.
“Eu não abandono (…) Acho que o razoável é o partido resolver este assunto no primeiro semestre, até ao início de julho. Se quiserem antecipar ainda mais pode-se antecipar ainda mais”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião da Comissão Política Nacional que durou mais de quatro horas.
Rui Rio reiterou que não “vê utilidade” em levar até ao fim o seu mandato, que terminaria em dezembro de 2023, e assegurou que não será recandidato nas próximas eleições diretas, cuja marcação remeteu para o Conselho Nacional do partido, que se irá reunir em 19 de fevereiro, em Barcelos (Braga).
“O Conselho Nacional deverá decidir a data em que quer realizar as próximas diretas, que terão de ser antecipadas e, em minha opinião sem ter de andar a fazer isto à pressa, deverão estar resolvidas no primeiro semestre deste ano, o mais tardar no início de julho”, afirmou.
Fonte da direção esclareceu mais tarde que a direção não irá levar qualquer proposta de calendário à reunião de Barcelos, destinada a discutir os resultados das legislativas de domingo, embora o Conselho Nacional – órgão máximo entre Congressos – possa decidir marcar logo nessa data as próximas eleições diretas ou optar por fazê-lo numa outra reunião posterior.
“Eu aceito mais ou menos qualquer dentro do limite do razoável, o razoável é resolver este problema até final do primeiro semestre ou início de julho. Também não gostava de ver tudo atabalhoado em cima umas coisas das outras, mas se quiserem também pode ser”, afirmou.
Rio salientou que o tempo que falta até às próximas legislativas é mais do que o mandato que já leva como presidente do PSD, quatro anos.
“Se eu admitisse ser outra vez candidato a primeiro-ministro, podia fazer esse caminho de cinco anos. Não havendo nenhum objetivo a prosseguir, o Conselho Nacional deverá decidir a antecipação dessas eleições”, afirmou.
Questionado se algum candidato lhe pediu para ter mais tempo para se reorganizar, Rio assegurou que ninguém lhe pediu nada.
“Sou eu a dizer com equilíbrio, sensatez e sentido de responsabilidade e não faz sentido sair em 30 dias e resolver isto de qualquer maneira”, afirmou.
Questionado sobre os vários nomes de que se falam para a sua sucessão, disse que quase todos os militantes do PSD, desde que tenham um certo tempo de militância, se podem candidatar, deixando uma garantia.
“Eu não vou interferir em nada daquilo que vão ser as próximas eleições e os candidatos, limito-me a cumprir o meu mandato e com sentido de responsabilidade”, afirmou.
Já questionado se pretende manter-se no parlamento depois de deixar de ser presidente do PSD, respondeu: “Isso provavelmente não, mas refletirei na altura”.
Questionado se o partido ficará fragilizado no parlamento por ter um presidente a prazo, Rio respondeu negativamente.
“O partido tem um presidente eleito e enquanto aqui estiver vai assumir posições”, disse.
Quanto à análise feita pela Comissão Política dos resultados eleitorais de domingo, Rio defendeu que “o que foi decisivo foi o esvaziamento do BE e do PCP a favor do PS”.
“Há um crescimento muito forte do PSD ao centro, indo buscar muito eleitorado ao centro ao PS, mas depois uma quebra do PSD pela direita”, disse.
Por outro lado, apontou, “há um conjunto de promessas que o PS fez e que levaram as pessoas a irem atrás daquelas promessas”.
“E também atrás de algumas mentiras que, na campanha, foram contadas sobre o que eram as nossas propostas”, criticou.
De acordo com os resultados provisórios das legislativas (e que ainda não incluem os quatro deputados eleitos pela emigração), o PSD conseguiu 27,8% dos votos e 71 deputados sozinho, subindo para 76 deputados e cerca de 29% do total dos votos somando os valores obtidos nas coligações de que fez parte na Madeira e dos Açores.
Ainda assim, quando se somarem os deputados da emigração, o PSD deverá ficar abaixo dos 79 que tem atualmente e ficou a quase 14 pontos percentuais do PS, que teve a segunda maioria absoluta da sua história.