Mundo Lusíada
Com Lusa
O risco de pobreza continuou a aumentar em Portugal em 2013, afetando já quase dois milhões de portugueses, de acordo com os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 30 de janeiro.
Segundo os dados do INE, 19,5% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2013 face aos 18,7% do ano anterior, apesar de ter existido um aumento dos apoios sociais às situações de doença e incapacidade, família ou desemprego.
As estatísticas do INE assinalam ainda que, apesar de o aumento do risco de pobreza ter abrangido todos os grupos etários, foi maior nos casos dos menores de 18 anos, tendo o risco de pobreza passado de 24,4% em 2012 para 25,6% em 2013.
“A presença das crianças num agregado familiar está associada ao aumento do risco de pobreza, sendo de 23,0 por cento para as famílias com crianças dependentes e de 15,8 por cento para as famílias sem crianças dependentes”, adianta o INE.
O fosso entre ricos e pobres voltou a acentuar-se, passando de 6,0 em 2012 para 6,2 em 2013. Os rendimentos dos 10 por cento da população com maiores recursos foi 11,1 vezes superior ao rendimento dos 10 por cento da população com menores recursos (10,7 em 2011 e 9,4 em 2010).
Drama Social
O secretário-geral do PS defendeu que os dados do INE demonstram que o “mexilhão” é que sofreu com o programa de ajustamento, traduzido no “drama social” do aumento das desigualdades. O líder socialista referiu-se aos dados considerando-os “reveladores do fracasso da política deste Governo, quer no domínio econômico quer social”.
“A tese que o Governo quis apresentar que neste programa de ajustamento tinha havido justiça social – que aqueles que mais tinham, tinham suportado mais, e aqueles que menos tinham, tinham suportado menos – é uma ideia que é falsa”, defendeu António Costa.
Pelo contrário, sublinhou o líder socialista, “o programa de ajustamento traduziu-se num drama social não só na emigração, no desemprego, mas num aumento significativo da pobreza e das desigualdades”.
“Quase 20% da população portuguesa está em risco de pobreza. Só nos anos de 2012 e 2013 tivemos um aumento de 400 mil pessoas. Tínhamos que regressar a 2003, tínhamos que regressar aos governos de Durão Barroso, para encontrarmos o nível de pobreza que Portugal agora atingiu sob a condução deste Governo”, afirmou.
Costa sublinhou que o risco de pobreza aumentou sobretudo entre os jovens e as crianças, considerando isso “significa o risco de reproduzir uma nova geração de pobreza e significa cortar à partida a oportunidade que todos têm que ter de realizar plenamente o seu potencial”.
O secretário-geral socialista frisou que “ao aumento da pobreza, o Governo conseguiu acompanhar com a asfixia fiscal da classe média”, o que é refletido nos dados que revelam que “mais 10% da população empregada está também em risco de pobreza”.
“Aquilo que o inquérito veio dizer é que as perspectivas para 2015 são de redução do investimento”, afirmou, sublinhando que a retração será sobretudo na indústria transformadora. Costa frisou que os dados mostram que “a grande alteração” do modelo econômico “assente na exportação e industrialização” não se se está a verificar.
Também o secretário-geral do PCP acusou o Governo de ser o responsável pelo aumento do risco de pobreza em Portugal. Jerónimo de Sousa frisou que “de ano para ano acentua-se o desequilíbrio na distribuição de rendimentos entre os portugueses e o nosso país está cada vez mais desigual e injusto”.
“Passos Coelho, na sua propaganda do costume, dizia-nos diretamente, na Assembleia da República, que a austeridade e os cortes iriam atingir mais os ricos do que os pobres, mas este inquérito do INE mostra que mentiu”, disse o líder comunista.