Da Redação
Com Lusa
Os jovens portugueses estão mais instruídos do que há duas décadas, têm menos trabalho, emigram mais e adiam a decisão de casar e ter filhos, segundo um retrato feito pela base de dados Pordata.
Para assinalar o Dia Internacional da Juventude, que se comemora no sábado, o Conselho Nacional da Juventude, a Pordata e o município de Cascais uniram-se para divulgar 12 vídeos inspirados no “Retrato dos Jovens em Portugal 2017”, elaborado pela base de dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
“Sabemos que as novas gerações de hoje pouco se assemelham aos jovens do passado, a começar por viverem em plena era digital. Por isso, e para que todos possam conhecer o que mudou nos jovens em Portugal, o recurso às redes sociais para partilha dos vídeos foi uma opção”, explica a diretora da Pordata, Maria João Valente Rosa.
A demógrafa adianta, em comunicado, que “são várias as viagens” que o retrato estatístico convida a fazer: “do passado à atualidade, das regiões ao país, de Portugal à Europa”.
Com os vídeos, “muitas destas histórias que as estatísticas contam, ganham uma voz e uma vida especial”, salienta.
Segundo a publicação, há menos 1,5 milhões de jovens hoje do que há 40 anos. Em 1975 eram metade da população, em 2015 já eram menos de um terço.
Em 1975 eram 4.628.580, número que desceu para 4.128.774 e para 3.143.002 em 2015, precisam os dados.
Ao longo das últimas décadas, os jovens têm vindo a mudar. Hoje “estão mais conectados”, estão “mais instruídos”, têm menos trabalho e emigram mais. Entre 2011 e 2015, 100.664 jovens com idades entre os 15 e os 29 anos deixaram Portugal.
Em relação à Educação, a situação “evoluiu marcadamente” em duas décadas. Há mais jovens a chegar ao secundário e a concluí-lo, tendo a taxa real de escolarização passado de 40% em 1992 para 75% em 2016.
A taxa de abandono escolar baixou de 50% em 1992 para 14% em 2016, referem os dados, que destacam também o aumento do número de jovens que entram na universidade: 81.083 em 1996, 112.701 em 2016.
Em relação ao desemprego, os números indicam que, em 2016, esta situação afetava 28% dos jovens com menos de 25 anos, contra os 10% verificados na população entre os 25 e os 54 anos.
Os dados demonstram também que as crianças e os jovens até aos 17 anos são “mais vulneráveis”, com a taxa de risco de pobreza, após as transferências sociais, a situar-se nos 22% em 2015, enquanto na população entre os 18 e os 64 anos era de 18%.
Outra mudança verificada relaciona-se com a idade em que os jovens decidem casar e ter filhos, que é cada vez para mais tarde.
Em 1990, as mulheres casavam-se, em média, com 24 anos e os homens com 26. Vinte e cinco anos depois, casam-se aos 31 e 33 anos, respetivamente.
A idade para ter o primeiro filho também foi aumentando, passando de 25 anos em 1990, para 30 anos em 2015, indica o retrato estatístico, que realça também o facto de a maioria dos filhos nascer fora do casamento (15% em 1990, contra 51% em 2015).
A publicação aponta também vários exemplos que demonstram que a idade limite para ser jovem varia consoante o propósito.
Para fazer um ‘Interail’, por exemplo, uma pessoa é considerada jovem até aos 27 anos, enquanto para as juventudes partidárias, para o arrendamento jovem (Porta 65) e para as associações juvenis é 29 anos.
Para as associações juvenis socioprofissionais, uma pessoa é considerada jovem até aos 35 anos, uma idade que se estende aos 40 anos no caso de ser “um jovem agricultor”.