Mundo Lusíada com Lusa
As medidas restritivas aplicadas durante o Natal e o Ano Novo resultaram em cancelamentos em mais de 80% das empresas de alojamento e restauração, anunciou a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), que pede mais apoios.
“Segundo os resultados do mais recente inquérito da AHRESP sobre o Natal e o Fim de Ano, as recentes restrições levaram a que mais de 80% das empresas tenham sido impactadas com cancelamentos”, refere a associação em comunicado hoje divulgado.
De acordo com a AHRESP, a obrigatoriedade de apresentação de certificado digital de vacinação para restauração e alojamento e testes para bares e discotecas, levaram ao cancelamento de reservas em 88% dos estabelecimentos, enquanto 83% das empresas de alojamento turístico registaram cancelamentos.
“No total desta época de Natal e Fim de Ano, 47% das empresas de restauração e 42% do alojamento, registraram cancelamentos em mais de metade das reservas que tinham confirmadas”, acrescenta a AHRESP.
O inquérito da AHRESP acrescenta ainda que no setor da restauração e bebidas 20% das empresas registaram quebras de faturação superiores a 50% em dezembro face ao mesmo mês de 2020.
O documento aponta ainda que 47% das empresas admitiram não ter conseguido acumular reservas financeiras nos meses de verão e que 44% conseguiram, “mas já tiveram de as utilizar”.
“O elevado nível de cancelamentos numa época tradicionalmente conhecida como balão de oxigénio para as empresas, com consequências graves para a estabilidade dos negócios, que se veem sem clientes e sem trabalhadores, são motivos mais do que suficientes para que haja novos apoios a fundo perdido para a tesouraria das empresas”, reivindica a AHRESP.
A associação antecipa ainda que as subidas de preços em várias áreas previstas para este ano “terão enorme impacto nos negócios” deste setor, pedindo novamente, “já em janeiro de 2022, o reforço dos apoios a fundo perdido, de forma a compensar as perdas e para que se mantenham os negócios e os respetivos postos de trabalho”.
Dados e normalidade
Portugal registrou 25.836 novas infecções com o coronavírus SARS-CoV-2 nas últimas 24 horas, mais 15 mortes associadas à covid-19 e um novo aumento dos internamentos, indicam números divulgados hoje pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O boletim epidemiológico diário da DGS registra um crescimento do número de pessoas internadas, contabilizando hoje 1.203 internamentos, mais 36 do que na segunda-feira, 147 dos quais em unidades de cuidados intensivos, mantendo-se este número nas últimas 24 horas.
Os casos ativos voltaram a aumentar nas últimas 24 horas, totalizando 213.749, mais 5.890 do que na segunda-feira, e recuperaram da doença 19.931 pessoas, o que aumenta o total nacional de recuperados para 1.227.642.
Das 15 mortes, cinco ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo, outras cinco no Centro, três no Norte e duas no Algarve.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.000 pessoas e foram contabilizados 1.434.570 casos de infecção, segundo os últimos dados da Direção-Geral da Saúde.
Os casos da variante Ómicron do coronavírus estão a aumentar exponencialmente em Portugal e no mundo, tendo as infecções com SARS-CoV-2 atingido hoje, pelo terceiro dia consecutivo, um novo máximo com 28.659 novos casos em 24 horas.
A redução do período de isolamento para sete dias dos infectados assintomáticos e dos contatos de risco permitirá “o equilíbrio” entre o confinamento seguro e o retorno mais precoce à vida normal, segundo a diretora-geral da Saúde.
Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas explicou que a decisão de reduzir de 10 para sete dias o período de isolamento nestas duas situações foi tomada por um grupo de especialistas tendo em conta a variante Ómicron, que tem características diferentes das outras variantes, sobretudo, disse, “se a compararmos com a que estava dominante até há pouco tempo que era a Delta”.
A diretora-geral da Saúde adiantou que “tudo indica” que a Ómicron terá “um período de incubação da doença mais curto” e um período transmissibilidade também “mais curto”.
“Portanto, isso permite-nos este equilíbrio entre o isolamento seguro e a libertação mais precoce das pessoas para fazerem a sua vida laboral e social e de relação normal”, salientou.
Graça Freitas explicou que foi desse equilíbrio que se decidiu estabelecer um novo prazo do período de isolamento que só se aplica em duas circunstâncias: “Contatos de alto risco que não estejam com a vacinação de reforço feita” e “pessoas que estão infetadas, mas sem sintomas”.
Avançou ainda que vai ser agora alterado o critério que constava da norma 004/2020 da DGS, que estabelece os procedimentos a adotar na abordagem ao doente com suspeita ou infeção pelo novo coronavírus, de que eram consideradas contacto de alto risco as pessoas com as duas doses de vacina que coabitassem com um doente covid-19.
Agora, as pessoas que tenham a terceira dose da vacina deixam de ser contacto de alto risco e ter a vida normal, apesar de terem uma pessoa doente em casa.
No entanto, salientou Graça Freitas, “essas pessoas ficam responsáveis por monitorizar o eventual aparecimento de sintomas”, e nesse caso devem ligar para a Linha SNS24, e “ter precauções em relação a terceiros”.