Da Redação
Com Lusa
Os cadáveres do primeiro imperador do Brasil, de Dona Leopoldina e Dona Amélia são alvo de estudos arqueológicos, com o apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os resultados já são surpreendentes e desmentem mitos sobre a morte da primeira mulher do monarca.
O primeiro imperador brasileiro, D. Pedro I, foi D. Pedro IV de Portugal. Nascido em Queluz, o filho de João VI abdicou do trono português para ser o principal responsável pela consolidação da independência brasileira. Os seus restos mortais, bem como os das suas mulheres, as imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia, estão agora a ser alvo de estudos.
Os exames foram realizados entre fevereiro e setembro de 2012, em total sigilo, pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, com o apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os resultados revelaram fatos desconhecidos até ao momento.
No caixão de D. Pedro, ao contrário do que se pensava, não havia nenhuma comenda ou insígnia brasileira entre as cinco medalhas encontradas. O primeiro imperador do Brasil foi enterrado como general português: botas de cavalaria, medalha que reproduzia a constituição de Portugal e galões com o formato da coroa portuguesa.
Deste monarca com dezoito nomes ainda foi possível descobrir que tinha quatro costelas partidas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um dos seus pulmões. Este pode ter sido o motivo para o agravamento da tuberculose que levou à sua morte, aos 36 anos.
Os exames que desmentem ainda mitos sobre a morte de Dona Leopoldina. De acordo com o investigador Paulo Saldiva, professor titular da faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP), a ossada de Dona Leopoldina, primeira mulher de D. Pedro não possuía marcas de fraturas, o que desmente a versão de historiadores que apontam uma queda, em consequência de uma discussão com o marido, como causa da morte. “Existia uma versão, não sei com que base, de que a morte dela teria sido ocasionada por uma fratura, gerada numa queda depois de uma discussão com D. Pedro [que a teria empurrado]. Pode ter ocorrido a queda, mas não o suficiente para que isso causasse a morte”, reforça o patologista responsável pelos exames.
No caso de Dona Amélia, a segunda mulher, a surpresa surgiu quando, ao abrir o caixão, a arqueóloga viu um corpo mumificado com cabelos, unhas e pestanas preservados. Entre as mãos com a pele intacta estava seguro um crucifico de madeira e metal.
Um dos motivos para o estudo foi a preocupação com a conservação dos corpos, sepultados no Monumento à Independência, no Ipiranga em São Paulo. Os corpos passaram também por tomografia, no Hospital das Clínicas em São Paulo, também de forma sigilosa. Já os restos mortais de D. Pedro passou ainda por ressonância.