Da Redação
Acontece em Outubro, nas proximidades de Lisboa, a programação \”À Mesa dos Generais\” que pretende homenagear aqueles que, no século XIX, garantiram a independência de Portugal. Inserida na Rota Histórica das Linhas de Torres, é uma iniciativa que, através da recuperação de receitas oitocentistas por parte dos 22 restaurantes aderentes, permite aos visitantes uma viagem no tempo.
Depois dos portugueses celebrarem o marco histórico da Implantação da República, no dia 5 de outubro – é tempo de, uns dias depois, homenagear outro momento fundamental do passado – ainda que sem direito a feriado nacional. Em 20 de outubro comemora-se o Dia Nacional das Linhas de Torres, um sistema de defesa composto por 152 fortificações e outros edifícios similares, construídos no início do século XIX – por volta de 1810 –, na zona de Torres Vedras, com o objetivo de proteger Lisboa das invasões napoleônicas.
Com o britânico Arthur Wellesley (mais conhecido por Duque de Wellington) aos comandos do exército anglo-luso, a invasão do inimigo – encabeçada pelo francês André Masséna – foi travada e o Reino de Portugal manteve-se. A Rota Histórica das Linhas de Torres – na qual se destaca o Centro de Interpretação das Linhas de Torres, situado em Bucelas, estende-se por seis municípios (Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Vila Franca de Xira e Torres Vedras) e engloba iniciativas nas áreas da gastronomia, cultura, história, etc.
Nesse âmbito, À Mesa dos Generais é uma mostra gastronômica que é, em simultâneo, uma homenagem a quem defendeu a a independência de Portugal e uma viagem a sabores de outros tempos, defende a organização.
Entre 19 a 27 de outubro, 22 restaurantes da denominada região das Linhas de Torres, reinterpretam receitas oitocentistas fazendo os participantes reviver refeições que incentivaram as tropas a defender o território nacional e inspiraram os generais (principalmente os aliados britânicos) a manterem se firmes nos posto. \”Muitos dos pratos históricos reinventados remetem para sabores familiares, uma espécie de comida de conforto com sabor de casa dos avós\”.
Cada restaurante recuperou pelo menos dois pratos (entrada, prato principal ou sobremesa) históricos, à luz dos dias atuais mas respeitando o receituário oitocentista, que farão parte do respectivo menu, devidamente harmonizados com vinhos da região – ao longo dos cerca de 10 dias da iniciativa À Mesa dos Generais.
Entre os participantes, em Sobral de Monte Agraço, o restaurante Pôr do Sol vai apresentar o bife de Wellington, criado em homenagem ao comandante das tropas portuguesas e britânicas e que fez do Forte do Alqueidão o seu posto de comando tático. Mais das receitas oitocentistas podem ser vistas no site: https://www.rhlt.pt/pt/receitas-oitocentistas/.
Um dos objetivos desta mostra gastronômica é retomar a memória de certos paladares, tendo em atenção as limitações da época: as formas de conservação à época eram a salga, o fumeiro, o vinagre ou o álcool, por exemplo. \”Embora a mesa dos generais fosse mais rica que a dos soldados, os tempos impunham alguma contenção – algo que vai ser difícil levar a cabo ao provar os pratos propostos pelos restaurantes que optaram por participar numa das iniciativas gastro-históricas mais importantes do ano\” garante a Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres Vedras.
A Rota Histórica das Linhas de Torres foi um dos 17 projetos vencedores do prêmio Europa Nostra 2014, na categoria “Conservação”. Este prêmio constitui uma distinção atribuída pela União Europeia e pela Rede Europa Nostra, no que se refere à preservação e defesa do patrimônio cultural Europeu.