Da Redação
Com agencias
O Decreto nº 9.159, que revoga outro decreto, o de número 9.147, de 28 de agosto de 2017, que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira, depois de assinada dia 25 pelo presidente Michel Temer.
A decisão de extinguir a Renca foi questionada por ambientalistas, artistas e repercutiu na mídia internacional. No início deste mês, o governo já havia determinado a suspensão da medida. Para o Planalto, houve falta de clareza sobre os efeitos da extinção. No entanto, o tema continuará na pauta do governo. O próximo passo será a realização de uma consulta pública, ainda sem data prevista.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia (MME) disse que as razões que levaram a pasta a pedir a extinção da reserva continuam presentes e defende mais debate sobre o tema. “O país necessita crescer e gerar empregos, atrair investimentos para o setor mineral, inclusive para explorar o potencial econômico da região”, diz o texto divulgado após o anúncio da revogação do decreto pelo Palácio do Planalto.
“O MME reafirma o seu compromisso e de todo o governo com a preservação do meio ambiente, com as salvaguardas previstas na legislação de proteção e preservação ambiental, e que o debate em torno do assunto deve ser retomado em outra oportunidade, mais à frente, e deve ser ampliado para um número maior de pessoas, da forma mais democrática possível.”
A organização de defesa do ambiente Greenpeace congratulou-se com a decisão de Temer, considerando que a revogação “demonstra que, por pior que seja, nenhum governante é absolutamente imune à pressão pública”. “É uma vitória da sociedade sobre quem quer destruir e vender a nossa selva”, declarou o coordenador de Políticas Públicas da Greenpeace, Marcio Astrini, num comunicado.
Mais de 1.8 milhão de pessoas em todo o mundo assinaram o abaixo assinado contra a medida, além de artistas e ambientalistas terem se reunido em defesa da causa em Brasília. “Mais uma vez o mundo mostrou a Temer que a Amazônia é um tesouro brasileiro e que ele não pode entregá-la para seus comparsas ruralistas. Isso é o que acontece quando o povo se une — e nosso movimento de milhões de pessoas não descansará até que o ataque de Temer à Amazônia cesse por completo” declarou Diego Casaes, coordenador de campanhas da Avaaz.
A Renca
A área de proteção foi criada em 1984 pelo governo de João Figueiredo, último presidente do período militar. Na ocasião, foi definida a proteção da área de 47 mil quilômetros quadrados (km²), incrustada em uma região entre os estados do Pará e do Amapá.
Desde então, a pesquisa mineral e atividade econômica na região passaram a ser de responsabilidade da Companhia Brasileira de Recursos Minerais (CPRM – Serviço Geológico Brasileiro) ou de empresas autorizadas pela companhia. Além do cobre, estudos geológicos indicam a ocorrência de ouro, manganês, ferro e outros minérios na área.
Dois dias após o decreto que extinguia a Renca, o Palácio do Planalto divulgou nota afirmando que o objetivo era “coibir a exploração ilegal” e recolocar o Estado como administrador de jazidas minerais da Renca, que atualmente sofre com a existência de garimpos clandestinos de ouro.