Da Redação
Com Lusa
As remessas dos emigrantes portugueses registraram uma diminuição de 1,06% em 2019, face ao ano anterior, com a França e a Suíça a manterem as origens mais significativas destas transferências financeiras, de acordo com um relatório divulgado esta semana.
O Relatório da Emigração, elaborado pelo Observatório da Emigração, um centro de investigação do ISCTE -Instituto Universitário de Lisboa, indica que, no contexto internacional, em termos de remessas recebidas pelos seus emigrantes, Portugal desceu do 33.º lugar em 2018 para o 36.º lugar em 2019.
As transferências financeiras provenientes da emigração portuguesa têm verificado uma tendência de crescimento. Contudo, em 2019 registrou-se um pequeno decréscimo face a 2018: -1,06%.
Entre 2015 e 2019 registrou-se um aumento de 10,33%, o que corresponde a um acréscimo de mais de 400 milhões de euros”.
No ano passado, o valor total recebido foi de 3.645.200.000 euros, o que representa 1.7% do Produto Interno Bruto (PIB) português, segundo o documento.
Os autores referem que a França e a Suíça continuam a ocupar as duas posições cimeiras entre os países com o índice mais elevado de remessas, sendo responsáveis por 57,12% do total global.
Os trabalhadores portugueses residentes em França são os que se destacam no envio de remessas para Portugal, tendo transferido 1.093,5 milhões de euros em 2019, ainda assim uma diminuição de 3,5% face ao ano anterior.
A Suíça transferiu 988,7 milhões de euros, o Reino Unido 359,6 milhões, a Alemanha 274,5 milhões, Angola 248,4 milhões, os Estados Unidos 214,2 milhões, a Espanha 114,3 milhões, o Luxemburgo 82,5 milhões, a Bélgica 56,3 milhões e a Holanda 41,4 milhões.
O documento sublinha que, em termos globais, se verificou “um decréscimo em quase todos os países com exceção para a Suíça, Reino Unido, Alemanha, Angola e África do Sul.
As remessas do Reino Unido também ganharam importância nos últimos anos, passando de 254,96 milhões de euros em 2015 para 359,6 milhões de euros em 2019), “consequência das preferências migratórias dos cidadãos portugueses nos últimos anos”.
Também se verificou um crescimento no caso das transferências provenientes da Alemanha, de 255,47 milhões de euros em 2015, para 274,50 milhões de euros em 2019 (mais 7,44%).
Angola apresentou uma significativa quebra, com diminuições efetivas no volume de remessas para Portugal de 247,96 milhões de euros em 2014 para 223 milhões de euros em 2018 (menos 10%), “na sequência da crise econômica no país que impôs restrições à saída de divisas”.
“Este decréscimo de receitas tem impacto no volume de remessas originárias dos PALOP, devido ao peso de Angola neste grupo de países. Contudo, face ao ano anterior, houve em 2019 uma subida de 11,38%, pois o valor das remessas foi de 248,40 milhões”, refere-se no documento.
Os autores realçam as remessas de Cabo Verde que, depois de se terem mantido a subir até 2018 (3,18 milhões de euros), apresentaram em 2019 um valor de 1,95 milhões, o que significa uma quebra acentuada de 38,67%.
Relativamente às remessas provenientes da União Europeia, no documento dá-se conta de uma diminuição das remessas de 18,83% em 2019, mantendo “um peso relevante no total global de remessas (46,65%)”.
“Enquanto principal país emissor de remessas da América do Sul, o Brasil, depois de uma descida acentuada em 2015, registou uma subida em 2016 e 2017, mas apresentou um decréscimo acentuado de 22,6% no ano de 2018. Esta tendência de descida manteve-se em 2019 (17,2%), consequência da situação política e econômica que atravessa”, lê-se no documento.
Também as remessas provenientes da Venezuela, “que já em 2017 apresentaram uma queda muito acentuada de 43,7%, mantiveram essa tendência. Em 2018, o Banco de Portugal não apresenta qualquer registo para aquele país, deixando assim de fazer parte do ranking”. Registou-se, no entanto, o envio de 4,5 milhões de euros em 2019.
O volume de divisas oriundo dos Estados Unidos “ganhou maior relevo”, com uma percentagem acumulada de 50% entre 2015 e 2018, embora apresentem, entre 2017 e 2019, um decréscimo de 18,4%.
O fluxo atribuído a Macau apresentou um “enfraquecimento”, com menos 50,7% entre 2014 e 2019. As divisas provenientes do restante território chinês retomaram em 2017 (6%), tendo descido em 2018 (18%) e de novo em 2019 (39%).