Mundo Lusíada
Com Lusa
O presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas, Fernando Gomes, disse à agência Lusa que não é surpresa o aumento da remessa dos emigrantes portugueses e previu que em 2013 será batido novo recorde.
“Este número não me surpreende de maneira nenhuma porque, pelos números estatísticos da emigração que nós sabemos desde há cerca de ano e meio, a saída continuada de emigrantes, isso só mostra e comprova no fundo o estado crítico em que se encontra o país”, salientou Fernando Gomes.
“Vamos bater no fundo este ano”, considerou, prevendo que em 2013 voltará a bater recorde de remessas dos emigrantes, até porque o peso da carga fiscal assim o obriga para muitas pessoas e a “família tem também de viver”.
As remessas de emigrantes para Portugal cresceram 13% no ano passado, para 2,75 bilhões de euros, o valor mais alto da última década, de acordo com dados divulgados pelo Banco de Portugal em 21 de fevereiro.
Salientando que os números correspondem às dificuldades do país, Fernando Gomes recordou que as pessoas abandonam Portugal à procura de “manter uma certa qualidade de vida ou para manter um ‘status’ de sobrevivência econômico-financeira da família que deixam atrás”.
Fernando Gomes criticou a revisão do Imposto Municipal sobre Imóveis e diz que as famílias portuguesas estão empenhadas com três problemas: “arrenda, a amortização da casa e o IMI”.
“O IMI teve um ajustamento quanto a mim um bocadinho selvático e as pessoas este ano vão saber as consequências dele. Este ano vai ser um peso e uma carga terrível e com esses compromissos de despesas inerentes as pessoas vão ter cada vez que mandar mais dinheiro”, concluiu.
Valor mais alto da última década
O valor de remessas de emigrantes portugueses é o mais alto desde os 2,82 bilhões de euros registrados em 2002.
O boletim estatístico do banco central dá conta da continuação da quebra das remessas de imigrantes em Portugal, na ordem de 10% no ano passado, para 525,5 milhões de euros.
Mais de metade deste valor continua a chegar de emigrantes em países da União Europeia, cerca de 1,51 bilhões de euros, e deste valor mais de metade chega por sua vez de França, um quarto do total mensal, com 846,1 milhões de euros.
França foi, contudo, das poucas origens de remessas a registrar um decréscimo, dos 867,6 milhões de euros registrados em 2011, por sua vez inferiores aos 899 milhões de 2010.
Forte aumento registraram a Alemanha, de 113,4 milhões de euros para 172,9 milhões em 2012, e Espanha, de 88,4 milhões de euros para 129,9 milhões, mas também Holanda, Itália, Reino Unido e Suíça.
A maior subida registrou-se no grupo PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), que escalou de 155,3 milhões em 2011 para 278,7 milhões em 2012.
Em dezembro, o valor das remessas dos emigrantes atingiu os 290,8 milhões de euros, mais 16% que o valor registrado no mês homólogo.
Quanto às remessas de imigrantes em Portugal, destacam-se as quebras para o Brasil, de 277,6 milhões de euros para 225,6 milhões de euros.
Os PALOP registraram um aumento, de 36,9 milhões de euros para 41,9 milhões de euros, recuperando depois de duas quebras sucessivas em 2010 e 2011.
Comunidades terão “papel central” no “pós-‘troika’”
O vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, afirmou, no final do encontro anual das estruturas do PSD na Europa, em Paris, que as comunidades portuguesas pelo mundo terão um “papel central” na preparação do Portugal “pós-‘troika’”.
“Este é um momento muito importante para Portugal e para todos os portugueses. Não podemos fechar a discussão sobre os grandes desafios naqueles 10 milhões que vivem [no país]. É cada vez mais importante pensar Portugal num contexto global, tirando partido das experiências de todos os que não [vivem] em Portugal”, afirmou.
As comunidades portuguesas pelo mundo, disse, “terão um papel central” na preparação do período “pós-‘troika’”, uma discussão, explicou, em torno da reforma do Estado, da fiscalidade, e do investimento.
Jorge Moreira da Silva afirmou que a importância dos portugueses pelo mundo neste debate se verifica a diversos níveis, a começar pelos debates com escala global: “Temos que olhar para o mundo tendo noção de que há novos riscos, como as alterações climáticas, mas também olhar para as novas oportunidades, como a economia digital, a economia do conhecimento, a economia verde”, disse, considerando que as comunidades têm um papel a desempenhar na discussão sobre estes “grandes debates”, influenciando-os.
O papel das comunidades, acrescentou, será também importante ao nível do crescimento econômico, sobretudo no quadro da criação de “confiança” internacional – a partir “daqueles que trabalham junto das empresas, das organizações não-governamentais” – no país.
Quem está fora pode, sugeriu Moreira da Silva, ajudar na “identificação de boas oportunidades de investimento que existem em Portugal”. É importante, defendeu, “que aqueles que hoje têm liquidez para investir em Portugal possam ter o bom conselho dos portugueses espalhados pela Europa e pelo mundo”.
E de fora, concluiu, pode também sair uma ajuda para reforçar as exportações, através da “identificação de novos destinos” para vender produtos portugueses. “Acredito muito na capacidade das comunidades no reforço da confiança e na criação de condições para que Portugal possa vencer”, acrescentou.
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