Da Redação com Lusa
Nesta quarta-feira, o reitor da Universidade de Coimbra (UC) considerou que as várias alterações que se preconizam no ensino superior poderão levar à criação de “uma tempestade perfeita” no setor.
A alteração da fórmula de financiamento das instituições de ensino superior, cuja intenção já foi tornada pública pelo Governo, é “um assunto de enorme sensibilidade, porque se cruzam ao mesmo tempo variáveis que convergem para uma tempestade perfeita”, alertou Amílcar Falcão, que discursava na sua tomada de posse, na Sala dos Capelos.
Para essa tempestade perfeita, o reitor, reeleito para um segundo mandato, alerta para vários fatores, como a crise financeira provocada pela guerra na Ucrânia ou a entrada “no inverno demográfico anunciado”.
Amílcar Falcão apontou também para “o problema do emprego científico”, que apesar de ser “apoiante incondicional” da medida, está “expectante” sobre o que irá acontecer quando se aproximarem os momentos de término ou renovação dos contratos, que poderão criar “um hiato geracional que dificultará a entrada de sangue novo no sistema”.
O processo de criação dos laboratórios colaborativos, as alterações legislativas que permitem aos politécnicos passar a conferir o grau de doutor, ou a revisão do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES) – que irá “alterar em casca muitos outros diplomas legais” – são outros fatores que contribuem para essa tempestade, apontou.
“Acresce a tudo isto a desregulação existente no nosso país relativamente à distribuição geográfica das instituições de ensino superior”, frisou Amílcar Falcão.
Para além desse alerta, o reitor da UC defendeu ainda um maior apoio da tutela e um reforço de verba no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para poder ter mais meios para requalificar o seu edificado.
Recordando o episódio recente em que uma estrutura de betão do edifício das Cantinas Azuis colapsou, Amílcar Falcão referiu que está a ser feito um levantamento exaustivo dos problemas estruturais nos edifícios.
“Se andamos a recuperar edificado com séculos de existência, importa lembrar que, no Polo I [na Alta de Coimbra], existem também muitos edifícios em fim de vida, diariamente utilizados por milhares de pessoas”, notou.
Após a tomada de posse do reitor, durante a tarde assinalou-se o 733.º aniversário da Universidade de Coimbra, com uma cerimônia igualmente na Sala dos Capelos, e entrega do Prêmio Universidade de Coimbra 2023 à presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza.
Amílcar Falcão foi reeleito pelo Conselho Geral da UC sem qualquer opositor.
A equipe reitoral do segundo mandato conta com seis vice-reitores (Luís Neves, Delfim Leão, João Ramalho, Alfredo Dias, Cristina Albuquerque e João Nuno Calvão da Silva) e cinco pró-reitores (Paulo Peixoto, Patrícia Pereira da Silva, Gabriela Fernandes, Nuno Mendonça e Filipa Godinho).