Refugiados em Portugal receberão ‘kit’ para aprender português

Mundo Lusíada
Com Lusa

Ponte 25 de Abril, Lisboa. Foto: Mundo Lusíada
Ponte 25 de Abril, Lisboa. Foto: Mundo Lusíada

Dar um ‘kit’ a cada refugiado para aprender o idioma português é uma das medidas anunciadas pela Plataforma de Apoio aos Refugiados, na assinatura de um protocolo, no Porto, com 25 Instituições para dar alojamento a 160 pessoas.

“Hoje marcamos a aprendizagem do português quer com protocolos que celebram a colaboração com empresas, quer ao nível de empresas livreiras que oferecem um ‘kit’ a cada refugiado”, declarou o coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR), Rui Marques, no seu discurso de assinatura de protocolos na Reitoria da Universidade do Porto.

A PAR assinou em 09 de novembro 25 novos protocolos com novas instituições anfitriãs, que disponibilizam 33 alojamentos e que vai permitir acolher 160 pessoas.

Rui Marques referiu também que vai haver uma plataforma ‘online’ que permitirá que os refugiados aprendam português via Internet, assim como adiantou que se estabeleceu uma colaboração com o Instituto de Emprego e Formação Profissional para que exista formação de português para todos, designadamente nas empresas para onde trabalhem.

“Esta é sem dúvida uma dimensão fundamental. Não há boa integração sem aprendizagem da língua, sem o pleno domínio de uma ferramenta fundamental”, considerou Rui Marques, acrescentando que é também importante o reconhecimento e validação de competências para que os refugiados se possam integrar profissionalmente.

“Hoje com a Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional iremos celebrar um protocolo que envolve toda a rede dos centros desta agência para que apõem os refugiados no reconhecimento das suas habilitações e competências e também a sua integração”, acrescentou, referindo que “todos vamos ter de fazer um esforço para que os refugiados aprendam o português”.

Rui Marques reiterou as críticas lançadas à União Europeia, onde a acusava de “incompetência” e “incapacidade” em gerir o acolhimento dos refugiados, atribuindo os atrasos na sua recolocação à falta de vontade política de Estados-membros.

“Enquanto não começar a funcionar obviamente a nossa crítica mantém-se e aumenta um pouco mais todos os dias, porque cada dia que passa é sinal que as coisas não se resolvem”, asseverou.

Rui Marques informou que hoje mesmo estão reunidos os ministros da Administração Interna, procurando agilizar a situação.

“Creio que os próprios Estados-membros começam a ter vergonha desta situação onde não conseguem concretizar uma decisão”, disse, recordando que se trata “só de concretizar uma decisão tomada em setembro e que continua muito longe daquilo que deve acontecer.

De 160 mil refugiados envolvidos no programa de recolocação, tinham sido recolocados 116 até sexta-feira passada”, lembrou aquele responsável da PAR.

Portugal vai receber mais de 4.500 refugiados nos próximos dois anos ao abrigo do programa de Relocalização de Refugiados na União Europeia, definido em setembro e o primeiro grupo é composto por 30 pessoas e deverá chegar na última semana deste mês, segundo informações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).

O secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, disse nesta segunda-feira em Bruxelas, que Portugal tem “disponibilidade imediata” para receber cerca de uma centena de refugiados, tendo já sido criadas as condições de acolhimento e integração dessas pessoas. Os ministros europeus da Administração Interna analisaram as formas de agilizar a deslocalização dos refugiados e de concretizar a resposta acordada pela Europa.

Fafe e Penela
Uma família de refugiados constituída por dois adultos e duas crianças vai ser alojada num apartamento no centro da cidade de Fafe, disponibilizado pela câmara local. Segundo o presidente do município, Raul Cunha, está tudo a ser preparado para criar as melhores condições de acolhimento e integração, por um período de dois anos.

Um protocolo nesse sentido foi assinado no Porto entre três câmaras municipais e a Plataforma de Apoio aos Refugiados, no âmbito do projeto “PAR Famílias”. Além de Fafe, também Resende e Góis assinaram o documento. No caso de Fafe, segundo o autarca, este é “o pontapé de saída” de um processo que deverá ser alargado a mais famílias.

O sírio Fouad Ahmad Nameed, um dos 14 refugiados do Sudão e da Síria que chegaram dia 07 ao final do dia a Penela, distrito de Coimbra, fez questão de agradecer em português a possibilidade de ter uma “vida segura”. “Obrigado”, disse no final de um breve encontro com jornalistas Fouad Nameed, que estava há três anos num campo de refugiados no Egito, juntamente com a sua mulher e os seus três filhos.

O grupo de refugiados chegou a Penela por volta das 18:00, depois da aterragem no aeroporto de Lisboa. Apesar do cansaço, Fouad Nameed mostrou-se disponível para falar com os jornalistas, afirmando que antes de chegar ao país que agora o acolhe já tinha uma “boa ideia” de Portugal, das suas paisagens, “das suas equipes de futebol” e das suas cidades.

“A vida é segura”, foi o que sentiu assim que chegou a Portugal, apontou, classificando a guerra civil síria com um único adjetivo: “horrível”. Agora, já em Penela, e com o presidente da Câmara a informar que a escola já está pronta para receber na segunda-feira as crianças destas famílias, Fouad afirmou que espera “aprender a língua desta terra” e “encontrar um bom emprego”.

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