Ígor Lopes (Portugal) – O Partido Social Democrata (PSD) foi o grande vencedor das eleições autárquicas do último dia nove de Outubro. No total dos 308 “concelhos” a nível nacional, o PSD venceu 158 (mais 17 do que em 2001), contra 109 (menos dois do que em 2001) do “rival” PS, além de 32 (28 em 2001) da CDU. O Bloco de Esquerda conquistou um mandato. Da mesma forma, o CDS-PP venceu uma Câmara Municipal (menos três do que nas últimas eleições). Destaque também para as sete autarquias conquistadas por listas independentes (quatro a mais do que em 2001).
Momento da comemoração dos militantes e simpatizantes do PSD nas ruas de um concelho do Norte (Lamego), onde o PS sofreu derrota.
Das capitais de distrito, o PSD só perdeu Faro para o PS. A CDU também reconquistou municípios importantes tais como Barreiro, Sesimbra e Marinha Grande. Além da “derrota” eleitoral do PS, a outra nota da noite foi a vitória dos independentes Isaltino Morais, Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras, que voltou a Portugal, após dois anos foragida no Brasil, acusada no processo conhecido como “Saco Azul”, em Felgueiras. Dos quatro mais mediáticos candidatos-arguidos apenas Avelino Ferreira Torres foi derrotado em Amarante.
Em declarações na sede do partido socialista, em Lisboa, após a apuração dos votos, o secretário-geral do partido e atual primeiro-ministro português, José Sócrates, disse que os resultados do PS ficaram “aquém das suas expectativas. Tínhamos expectativas altas que não foram confirmadas”.
Entretanto, o primeiro-ministro salientou que os resultados destas eleições não devem ter uma leitura nacional: “O que estava em causa não era o Governo, eram as câmaras municipais”. Sócrates prometeu que o Governo “cooperará com todos os autarcas eleitos”, independentemente do partido a que pertençam.
Já o líder dos PSD, Marques Mendes, congratulou-se com a “vitória expressiva” dos sociais-democratas nas eleições autárquicas, mas afirmou que a derrota do PS não põe em causa o mandato do Governo.
Por sua vez, o líder do PCP (CDU), Jerónimo de Sousa, considerou que os resultados eleitorais são um “sério aviso” ao PS e ao Governo e mostrou-se satisfeito com a prestação da CDU. O secretário-geral do PCP salientou as “medidas antipopulares” que têm sido tomadas pelo Executivo. Recorde-se, porém, que a “onda laranja” que há quatro anos derrotou o Partido Socialista nas principais cidades do País, e que levou António Guterres a demitir-se do Governo por causa da maioria da oposição, repetiu-se neste 9 de Outubro e à conquista de Lisboa, Porto, Sintra e Coimbra, o PSD juntou Aveiro e Santarém. De salientar ainda que estes resultados são os mais expressivos para o PSD desde 1985.