Mundo Lusíada
Com Lusa
O PSD vai votar a favor da moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP, apesar de considerar que “não tem qualquer efeito prático”, segundo o Grupo Parlamentar social-democrata.
Numa nota enviada à agência Lusa, o Grupo Parlamentar do PSD esclarece que, na quarta-feira, quando for discutida na Assembleia da República, “voltará a repetir as críticas que tem vindo a fazer ao Governo e, consequentemente, votará a favor de uma censura à política socialista que tem vindo a ser seguida”.
Apesar de votar favoravelmente, o PSD recorda que, “como é por demais evidente, a moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS não tem qualquer efeito prático”.
“A par de algumas notícias, a sua única consequência é a realização de um debate regimental na Assembleia da República na próxima quarta-feira”, refere ainda a bancada social-democrata na nota enviada à Lusa.
A moção de censura ao Governo, anunciada pela líder do CDS, Assunção Cristas, na sexta-feira, vai ser discutida no parlamento na quarta-feira.
Assunção Cristas justificou a moção de censura com “o esgotamento” do Governo, “incapaz de encontrar soluções” para o país e de só estar a pensar “nas próximas eleições”.
Esta será a segunda moção de censura ao Governo minoritário do PS, chefiado por António Costa, ambas apresentadas pelo CDS.
A última a ser discutida no parlamento foi também apresentada pelo CDS em 24 de outubro de 2017, centrada nas falhas do Estado no combate aos grandes incêndios desse ano. Foi rejeitada com 122 votos contra, do PS, PCP, BE, PEV e do deputado do PAN, e 105 votos favoráveis, do CDS-PP e do PSD.
Para ser aprovada, o que implica a queda do Governo, a moção tem que obter 116 votos. PS e os outros partidos de esquerda (PCP, BE e PEV) tem maioria na Assembleia da República.
O CDS saudou o anúncio do PSD, de que votará a favor da moção. “Ainda bem porque o espaço político de centro-direita tem que se concentrar numa oposição a um governo que é mau e a um PS que nem sequer deveria ser Governo”, afirmou o vice-presidente do CDS.
Nuno Melo afirmou preferir este posicionamento dos sociais-democratas a uma aproximação aos socialistas, como aconteceu no passado, após a chegada de Rui Rio à liderança do PSD.
“Prefiro ver um PSD que vota a favor das moções de censura que o CDS apresenta do que um PSD que se senta com o PS a celebrar acordos em áreas que são, para nós, graves, entre elas as que consagram impostos europeus ou uma vontade de descentralização que o mundo autárquico repudia”, acrescentou.
Não levada a sério
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, considerou que a moção de censura “não é para ser levada a sério”, acusando os centristas de contradições. Em Lisboa, a líder do BE referiu que “não deixa de ser interessante, ou revelador, que o CDS apresente a contestação, as greves, as contestações laborais como uma das causas da moção de censura, quando o mesmo CDS tem votado contra todas as reivindicações concretas destas contestações”.
“Os trabalhadores não fazem reivindicações no vazio contra um governo, fazem reivindicações concretas sobre a sua carreira, sobre o seu salário, sobre as suas condições de vida, e sobre todas essas matérias, todas as posições do CDS foram contrárias a qualquer solução que hoje está a ser pedida em várias áreas”, sustentou.
Catarina Martins concluiu por isso que “uma moção de censura que é tão contraditória nos seus termos não é seguramente para ser levada muito a sério”.
“O Bloco de Esquerda votará, naturalmente, contra, como já toda a gente sabia mesmo antes de a moção de censura ser apresentada, e o próprio CDS-PP também”, acrescentou.
Para a líder bloquista, esta moção de censura “tem mais a ver com o lançamento da campanha eleitoral à direita”.
“Julgo que é isso que o CDS está a fazer, a posicionar-se, está no seu direito”, considerou, advogando que “acrescenta muito pouco do ponto de vista do debate político”.
Também o Partido Ecologista Os Verdes (PEV) anunciou que vai votar contra a moção de censura, decisão justificada com o fato de o partido considerar que a iniciativa tem “uma forte componente eleitoralista”.