PSD e CDS rejeitam culpa na degradação do serviço dos correios de Portugal

Da Redação
Com Lusa

Os grupos parlamentares do PSD e do CDS-PP rejeitaram, esta sexta-feira, responsabilidades no serviço dos CTT – Correios de Portugal e pediram intervenção do Governo, depois de PS, PEV, BE e PCP recomendarem uma análise da privatização pela “degradação” da empresa.

Intervindo na sessão plenária, no parlamento, o deputado social-democrata Luís Leite Ramos apontou “a falta de memória dos deputados do PS”, referindo que “o memorando de entendimento do governo [do antigo primeiro-ministro socialista] José Sócrates já dizia que iria acelerar o processo de privatizações”, nomeadamente dos CTT, que ficou concluído em 2014, com o executivo PSD/CDS-PP.

“A falta de pudor e da assunção de responsabilidades é a marca de água deste Governo e, mais uma vez, não assumem a função do Estado”, vincou Luís Leite Ramos.

E questionou a bancada socialista: “Tem dados sobre incumprimento? Então por que não agiu? O que tem feito o Governo nestes três anos [de privatização]?”.

Também em defesa do anterior executivo, o deputado centrista Hélder Amaral considerou que PS, PEV, BE e PCP “não estão preocupados com os utentes nem com o serviço o postal”.

“Se assim fosse, estaríamos aqui a discutir os padrões de qualidade, a densidade da rede e até a incorporar a realidade nova no serviço postal”, em vez de “estarmos a discutir a natureza da empresa – se é pública ou privada”, observou.

Perante esta discussão sobre responsabilidades, o deputado do PCP Bruno Dias, destacou que em causa está “a vida concreta das pessoas e das populações”, pelo que “tudo o resto é conversa”.”

Antes, este deputado comunista já tinha realçado que “o correio hoje demora mais tempo a chegar ao destino do que demorava há 30 anos”, além de que “a gestão privada dos CTT está a descapitalizar a empresa e o seu patrimônio”.

Ao mesmo tempo, Bruno Dias relatou que “a administração está a enviar cartas aos trabalhadores para os convidar a sair”.

Por seu lado, o deputado do BE Heitor de Sousa sublinhou que a privatização desta empresa “foi uma decisão errada que prejudicou a grande maioria da população e lesou gravemente o interesse público”, levando ao encerramento de 133 estações e 90 postos.

O bloquista falou ainda na criação de um “grupo informal para avaliar responsabilidades contratuais”, medida que não estava inicialmente no projeto de resolução do BE, mas que vai ao encontro do documento do PS.

Segundo o deputado socialista João Paulo Correia, “a privatização trouxe a degradação do serviço postal e um aumento das tarifas”, com a empresa a apostar numa “estratégia puramente economicista” e a deixar concelhos sem estações.

Já o deputado do PEV José Luís Ferreira notou que “os cidadãos pagam mais e a oferta do serviço é menor”, não sendo “por acaso que a ANACOM [Autoridade Nacional de Comunicações] já tivesse proposto ao Governo que lutasse pelos CTT”.

 

A reprivatização dos CTT, que rendeu aos cofres do Estado mais de 900 milhões de euros ao todo, foi feita a dois tempos. Inicialmente, em dezembro de 2013, o Estado vendeu 70% do capital social da empresa a 5,52 euros por ação, numa operação que permitiu um encaixe de 579 milhões de euros. Já em setembro do ano seguinte, vendeu os restantes 30% que detinha através da Parpública ao preço de 7,25 euros por ação, uma operação que ascendeu a 343 milhões de euros.

Recomendações

O Parlamento chumbou a resoluções do BE, PEV e PCP que propunham a nacionalização dos CTT e aprovou uma do PS que sugere um grupo informal para avaliar alternativas à reprivatização.

A única resolução aprovada foi a do PS, a recomendar ao Governo que promova uma “avaliação das responsabilidades contratuais subjacentes à concessão em vigor entre o Estado e os CTT (…) no sentido da ponderação dos possíveis modelos, e respectivas consequências, resultantes da conclusão do contrato de concessão”.

Os socialistas pedem ainda ao executivo que “pondere os possíveis modelos, e respectivas consequências, nomeadamente as resultantes da conclusão do contrato de concessão, bem como as alternativas, de outra natureza, que se colocam”.

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