Mundo Lusíada
Com Lusa
O PSD destacou em 03 de janeiro, no parlamento, “o sentido de responsabilidade” do Presidente da República Portuguesa ao promulgar o Orçamento, desencadeando críticas da oposição, que preferiu destacar a condenação da política do Governo por Cavaco Silva na mensagem de Ano Novo.
O PSD, através do deputado António Rodrigues, usou o período das declarações políticas na sessão plenária da Assembleia da República para traçar algumas metas para este ano, como o regresso aos mercados financeiros e a recuperação da credibilidade internacional, evitando assim o pedido de um segundo resgate.
“Neste quadro, assinalamos o sentido de responsabilidade do senhor Presidente da República pela promulgação do Orçamento do Estado para 2013. O país não comportaria uma situação de instabilidade financeira”, afirmou o deputado.
Na mesma intervenção, António Rodrigues dirigiu críticas aos partidos mais à esquerda, por “dizerem sempre não à Europa”, e ao PS. E voltou a apelar aos socialistas para participarem no debate da reforma do Estado, que levará a um corte de quatro mil milhões de euros na despesa pública.
Esta declaração originou críticas de toda a oposição, com o PS a destacar que, na declaração de Ano Novo, o Presidente da República, apesar de ter promulgado o Orçamento, condenou a “espiral recessiva” em que o país mergulhou, sendo esse “o clamor de quantos têm opinião”.
O socialista António Braga disse que o PSD, tal como o Governo, vive “distante da realidade” e que nenhum índice ou previsão confirma o sucesso das políticas do executivo.
Já Heloísa Apolónia, de Os Verdes, criticou Cavaco Silva: “Temos um Presidente da República que veio dar uma mão a uma maior austeridade com a promulgação do Orçamento do Estado. E agora pode tomar todas as medidas que entender, mas o orçamento está promulgado, está em vigor e os portugueses vão sofrer as consequências diretas deste orçamento”.
Pelo PCP, João Oliveira disse que o PSD também tem responsabilidades na situação do país, sublinhando que os sociais-democratas aprovaram os orçamentos dos governos minoritários de José Sócrates.
Cecília Honório, do BE, considerou que “a vida não está fácil” na bancada do PSD, que tem de “gerir” um parceiro de coligação, o CDS, que “há dias em que aproveita o melhor do Governo” e noutros “aproveita o melhor da oposição”.
“E tem de conviver com o Presidente da República, que reconheceu que a cruzada do ministro das Finanças não tem qualquer perspectiva de futuro para o país”, acrescentou, dizendo que neste momento o PSD está “sujeito a um isolamento tremendo, sem apoio popular” e com um ministro das Finanças “que pouco ou nada vale”, sendo “uma verdadeira fraude”.
António Rodrigues respondeu que não pretendeu “comentar o comportamento” de Cavaco Silva, mas apenas fazer-lhe um “cumprimento pelo gesto”, já que o veto de um Orçamento, por um qualquer Presidente, seria “um ato” de muita “gravidade” que “destruiria um país”.
E assinalou que nem nesta matéria a esquerda se consegue entender, com uns a dizerem que Cavaco Silva “deu a mão ao Governo e outros a dizerem que criticou o Governo”.