Da Redação
Com Lusa
O líder da bancada socialista defendeu que há na “sociedade política” uma “nova mobilização” para as questões do Interior e adiantou que o PS pretende verter para o plano orçamental projetos considerados estruturantes.
Carlos César assumiu estas posições no final de uma visita de cerca de uma hora à sede da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva), em Beja – deslocação integrada no programa das Jornadas Parlamentes do PS, que serão encerradas na terça-feira pelo secretário-geral socialista, António Costa.
“Esta nossa visita serve para nós aprendermos, mas também de nada serviria se não fizéssemos nada depois. Por isso, tentaremos verter para o plano político, para o plano orçamental e para o plano da ação governativa o conhecimento adquirido”, declarou Carlos César aos jornalistas, após ter ouvido explicações detalhadas do presidente da EDIA, José Pedro Salema, sobre o novo projeto de expansão do projeto do Alqueva.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS defendeu mesmo que há atualmente uma conjuntura política favorável a um consenso alargado em torno de temas como o combate às assimetrias regionais.
“Tivemos fases da nossa vida política em que essas preocupações não foram muito relevantes, mas creio que hoje a sociedade política portuguesa está muito mobilizada para estes novos temas – temas que relacionam as questões do Interior com os problemas decorrentes das alterações climáticas”, advogou.
Durante a visita, o presidente da EDIA, José Pedro Salema, disse que todas as metas que foram traçadas para 2018 já foram ultrapassadas. A taxa de regadio, por exemplo, atingiu os 76% em 2017, rondando já os 80% este ano – estimativa que apenas estava prevista para 2024.
O projeto de expansão do Alqueva prevê um aumento de mais 50 mil hectares face aos 120 mil já existentes, tendo à cabeça produções como o olival (um terço do total), seguindo-se os frutos secos, as oleaginosas, milho, vinha e hortícolas.
Na Califórnia, durante a recente visita do primeiro-ministro, António Costa, vários empresários do setor agroalimentar norte-americano mostram-se interessadas nas potencialidades da produção de amêndoa na região do Alqueva.
José Pedro Salema falou também de um concurso público internacional baseado em tecnologia de ponta para baixar os custos da energia, designadamente, através da instalação de plataformas fotovoltaicas flutuantes.
Perante os jornalistas, o presidente da bancada do PS afirmou que a preocupação, com a realização de jornadas parlamentares, tem incidido sobre “dois terços do território nacional que se encontra distante dos efeitos da litoralização e que carece de políticas de valorização”.
“Cada região do país tem a sua tipicidade, os seus desafios e recursos próprios, mas é importante que em áreas como o Alentejo, através de projetos estruturantes como o Alqueva, seja possível mudar a paisagem natural e económica. O empreendimento do Alqueva corresponde a um investimento de visão de longo prazo, onde se investiu mais de 2,4 mil milhões de euros”, salientou o líder da bancada socialista.
Carlos César fez também questão de destacar que está em curso um novo investimento na ordem dos 300 milhões de euros com a expansão do regadio com mais 40% da área abrangida.
“Isso significa que, da parte do Estado, há um comprometimento com essas políticas. Sabemos que lutamos contra uma tendência natural de concentração das economias, sabemos que a economia é mais vitalizada nas áreas com maior escala – é essa a regra natural do comportamento económico -, mas é importante contrariar essas tendências”, sustentou.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS ressalvou que “não é possível uma revolução demográfica transformando o interior numa região populosa como o litoral, mas importa lutar contra essa tendência que pervertem uma distribuição racional do desenvolvimento”.
“Estas regiões do Interior não podem ser zonas de passagem para grandes mercados ibéricos, devendo antes assumir-se como regiões de produção, de fixação e de diferenciação. O país há muito que tem este problema e há muito que procura ultrapassá-la”, disse.
Tendo ao seu lado o presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, Carlos César pronunciou-se também a favor da descentralização de competências para os municípios.
“As administrações locais – e havendo as regionais – devem estar dotadas de novas competências para responderem aos novos desafios”, acrescentou.