Próximas 24 horas \”vão continuar a ser muito complexas\” no combate aos incêndios

Combate ao incêndio na localidade de Soutelo, Albergaria-a-Velha, 16 de setembro de 2024. PAULO NOVAIS/LUSA

Da Redação com Lusa

 

As próximas 24 horas “vão continuar a ser muito complexas” no combate aos incêndios que lavram há vários dias nas regiões Norte e Centro de Portugal Continental, alertou neste dia 18 o comandante Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Numa conferência de imprensa, na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), em Carnaxide, no concelho de Oeiras (Lisboa), para fazer o ponto de situação às 20:00 do combate aos incêndios que lavram no país, André Fernandes destacou que “em particular a madrugada e o dia de amanhã [quinta-feira] vão continuar a ser muito complexas”,

De acordo com o responsável, os incêndios “têm ainda muita intensidade e energia”.

Às 19:30 (hora local), a proteção civil contabilizava 34 incêndios ativos, sendo que destes 18 assumiam uma dimensão “significativa” e mobilizam mais meios.

“Dezoito ocorrências significativas, que nos preocupam e que mantemos o acompanhamento e uma gestão mais direta”, explicou André Fernandes, referindo que estes fogos estão centralizadas na região de Aveiro (dois), sub-região de Viseu Dão Lafões (cinco), Alto Tâmega e Barroso (quatro), Área Metropolitana do Porto (um), sub região do Douro (um) e Tâmega e Sousa (cinco).

No combate a estes 18 incêndios estavam envolvidos 2.434 operacionais, apoiados por 734 meios terrestres e 23 meios aéreos.

Por outro lado, André Fernandes referiu que as autoridades mantêm o acompanhamento dos incêndios que entraram em fase de resolução e conclusão, num total de 22, para os quais estavam mobilizados 1.625 operacionais, apoiados por 508 meios terrestres e um meio aéreo.

O comandante nacional destacou ainda dois dos quatro incêndios ativos que lavram entre a Área Metropolitana do Porto e a região de Aveiro, em Oliveira de Azeméis e Albergaria-a-Velha.

Por outro lado, as autoridades conseguiram dominar na zona do Tâmega e Sousa o incêndio de Baião e na Área Metropolitana do Porto o fogo que lavra em Gondomar.

Ao final da tarde de hoje, as autoridades mantinham ativos 13 planos municipais de emergência e dois distritais (Aveiro e Porto).

Relativamente às vítimas mortais decorrentes dos incêndios, André Fernandes reiterou que o número contabilizado pela ANEPC é de cinco, uma vez que é essa a indicação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Nesse sentido, não são contabilizados os dois civis que morreram de doença súbita.

Assim, até agora as autoridades contabilizam 150 vítimas, entre as quais cinco mortos, 12 vítimas com ferimentos graves e 65 com ferimentos ligeiros. Outras 68 pessoas foram assistidas.

Às 20:00, não havia o registo de qualquer via rodoviária ou ferroviária cortada por causa dos incêndios, contudo o responsável aconselhou a população a consultar a informação atualizada da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública.

“Terminava com um renovar daquilo que são as mensagens chave. Tolerância zero ao uso do fogo, adequação dos comportamentos face ao perigo do incêndio rural e a redução de ignições, que é fundamental para garantirmos que haja maior tranquilidade”, aconselhou.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, já arderam perto de 76 mil hectares.

O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e alargou até quinta-feira a situação de alerta, face às previsões meteorológicas.

Presos

Setenta e quatro pessoas estão atualmente presas ou detidas em prisões do país à ordem de processos por crimes de incêndios florestais, informou hoje a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).

Em resposta à agência Lusa, a DGRSP especificou que, entre este total, existem no sistema prisional 58 reclusos condenados e 16 outros preventivos a aguardar julgamento.

A Polícia Judiciária (PJ) disse na segunda-feira que já deteve pelo menos 29 pessoas por suspeitas de incêndio florestal em 2024, num registo próximo daquele que foi alcançado no mesmo período do ano passado.

De acordo com as informações facultadas à Lusa, os dados consolidados da PJ indicam 20 detidos até ao final de agosto, tendo entretanto o órgão de polícia criminal divulgado em setembro pelo menos outros nove comunicados de detenções de suspeitos pelo crime de incêndio florestal, em localidades tão diversas como Alvaiázere, Condeixa-a-Nova, Montalegre, Braga, Mondim de Basto, Loures, Tabuaço, Murça ou Vila Nova de Gaia.

Os 29 detidos até à data ficam abaixo das 35 detenções efetuadas pela PJ por suspeitas de incêndio florestal entre janeiro e setembro de 2023, mas ainda restam cerca de duas semanas até ao final do mês, pelo que o número de detidos pode subir e alcançar o registo de 2023.

Nos últimos dias, fortes incêndios estão a afetar o centro e norte do país, a GNR já informou da detenção de pelo menos sete pessoas suspeitas de terem ateado fogos florestais naquelas zonas e a PSP anunciou hoje a detenção de um homem por provocar um pequeno incêndio junto à estação de Metro de Matosinhos, Porto.

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