Da Redação
Santos é conhecida como uma Cidade que, devido à qualidade de vida oferecida, é escolhida por muitas pessoas como opção para aproveitar a aposentadoria. O resultado disso é que quase 25% da população é formada por pessoas idosas. Pensando neste público, a Prefeitura de Santos vem fortalecendo políticas voltadas para quem tem mais de 60 anos.
Foi justamente essa iniciativa que despertou o interesse da comunidade de especialistas para convidar a Prefeitura para apresentar os projetos desenvolvidos no Município em um seminário internacional em Portugal, ocorrido em junho.
Representando Santos, assessora especial de Longevidade da Secretaria Municipal de Saúde, Ana Bianca Ciarlini, levou ao público do II Seminário Luso-Brasileiro de Inovação e Envelhecimento Humano – Saúde Conectada e o Futuro da Longevidade o painel ‘Experiências Exitosas em Longevidade – o Caso da Cidade de Santos (SP)’. O evento foi realizado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Em sua fala para especialistas da área, ela destacou os projetos Santos Viva + Saúde e Rede Educativa para a Longevidade, com o objetivo de expandir conceitos de envelhecimento ativo e proteção ao público idoso, que têm transformado, positivamente, a vida de suas pessoas idosas, com ações como o programa Cérebro Ativo e a Escola de Surfe.
Esta última fez com que Santos ganhasse, no ano passado, também em Portugal, um prêmio de mais inclusiva entre os municípios que participam do World Surf Cities Network, a Rede Mundial de Cidades do Surfe. O reconhecimento é fruto das experiências de sucesso obtidas pela Escola de Surfe Adaptado (que funciona no Posto 3, no Gonzaga) e pelas turmas do público 50+ da Escola Radical de Surfe (Posto 2, Pompeia).
“Inspirar doutores do envelhecimento de Brasília, Portugal, Espanha e Itália superaram as expectativas que tínhamos. Mas, o que trazemos de melhor deste evento são as parcerias que virão e beneficiarão as políticas públicas para a longevidade trazendo melhorias para os nossos idosos santistas”, afirma a assessora especial de Longevidade.
O II Seminário Luso-Brasileiro de Inovação & Envelhecimento Humano decorreu dias 11, 12 e 13 de junho, em formato híbrido – remoto e presencialmente, na sala 3 do Centro de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), instituição que também integra a organização do evento.
“Este evento constitui uma oportunidade singular, congregando investigadores, profissionais de diversas áreas, académicos e empreendedores para explorarem os avanços e desafios relativos à inovação em saúde e longevidade”, indica a organização.
Focado essencialmente no tema “Saúde Conectada”, o seminário teve mesa de abertura contando com a participação de Altamiro da Costa Pereira, diretor da FMUP, bem como de João Fonseca, professor da FMUP, e de Margô Karnikowski, da Universidade de Brasília, entre outras individualidades. Na abertura propriamente dita, falará Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade.
Cidadania
Ainda, o secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, representou o Brasil durante os debates, traçando um panorama dos desafios vividos por pessoas com 60 anos ou mais que considerou a diversidade brasileira.
No encerramento do evento, o gestor declarou que o envelhecimento no Brasil engloba uma série de particularidades, pois existem grupos específicos, que vão ter formas diferentes de envelhecer. “Em Roraima, a cada dez pessoas, uma é idosa. Tem alguns municípios, no Sul principalmente, que, de cada quatro pessoas, uma já é idosa. Em outras cidades, a cada três pessoas, uma já é idosa. Há lugares em que a quantidade de idosos já ultrapassou o de crianças. Então, é necessário mudar nossos olhares”, orientou Alexandre da Silva.
Ao falar sobre práticas e saberes inovadores, o secretário disse que é importante levar em consideração aspectos da interseccionalidade. “Temos que entender como é envelhecer nesses territórios que já têm a sua diversidade”, disse. Nesse aspecto, questões associadas a etnia, gênero, cor de pele e escolaridade, por exemplo, começam a ilustrar a dimensão da pluralidade brasileira.
Segundo ele, apesar de ser um desafio, é preciso pensar em inovação e em tecnologia para mudar este quadro. “São cerca de 32 milhões de pessoas idosas no Brasil e este número só vai aumentar nas próximas décadas. Então, seria interessante se nós pudéssemos falar sobre a diversidade do Brasil, que é algo impressionante, mas também algo marcado por desigualdade e iniquidades. E aí fica o nosso desafio”, afirmou o gestor.