Da Redação
Com Lusa
Os panos de pente, malas, bolsas, entre outros produtos da tecelagem manufaturada em Quinhamel (Guiné-Bissau), escoaram praticamente nos dois primeiros dias da Exposição Cabaz di Terra, que abriu dia 21 na Cidade da Praia.
Montada no Centro Cultural Português da capital de Cabo Verde, a exposição, que se prolongou até 25 de fevereiro, foi um “êxito” e quase todos os produtos, bem como as malas de latão tipicamente guineenses que os trouxeram, foram vendidos, disse à agência Lusa Pamela Ferreira, guineense e coordenadora do Projeto Cabaz di Terra.
O projeto integra-se num outro, mais vasto, que congrega 14 tecelões e 12 costureiras na vila de Quinhamel, 40 quilómetros a norte de Bissau, e na região de Biombo, e enquadrado pela Artissal, uma cooperativa criada nos anos 1990 pela empresária romena Mariana Ferreira.
Dar a conhecer os produtos genuínos da região de Biombo, onde predomina a etnia Papel, conhecida pela arte da tecelagem, é o objetivo do “Cabaz di Terra” que, ao enquadrar cerca de 30 pessoas da vila, beneficia praticamente todas as famílias de Quinhamel e arredores, afirmou Pamela Ferreira, filha da diretora da Artissal.
“Dentro do programa Cabaz di Terra há um circuito chamado «Nô Cultura, Cultura di Mundo», onde se pretende tirar os produtos que são feitos dentro da Guiné-Bissau, no nosso caso, e de África, no geral, para os mostrar ao mundo”, disse a também antiga jornalista guineense, formada no Brasil.
“Os produtos da exposição são basicamente feitos com panos de pente elaborados por homens e mulheres de uma etnia guineense, a Papel, da região de Biombo, onde fica a sede da Artissal, a fábrica de tecelagem e o ateliê de costura”, acrescentou, lembrando que existem mais 15 funcionários entre as equipas de gestão e de vendas.
“Diretamente, são 30 pessoas (a trabalhar), mas, indiretamente, quase 100% das famílias de Quinhamel beneficia com a Artissal”, frisou, afirmando-se, por isso, “agradavelmente surpreendida” com a recepção “muito boa” na Cidade da Praia.
“Não esperava. Não só em termos de comercialização dos produtos e para os produtores, que estão à espera de nós em Quinhamel para saber os resultados, mas sobretudo pela valorização, pelo valor dado. As pessoas têm tido uma reação muito bonita e interessante. Dizem: «que trabalho bonito e bem feito». Isso é muito gratificante”, disse.
Pamela Ferreira disse ter recebido já “vários pedidos”, não só para voltar como para abrir uma espécie de “franchising” da Artissal na Cidade da Praia.
A iniciativa “Cabaz di Terra” visa agregar a atividade comercial de um conjunto de organizações guineenses ativas na área da valorização das produções locais populares, através da dinamização de uma estrutura especializada na promoção comercial solidária com os produtores guineenses, frisou Pamela Ferreira.
A valorização das produções locais da Guiné-Bissau, lembrou, ajuda na luta contra a pobreza e os produtos comercializados são o fruto das organizações na melhoria do bem-estar das populações da Guiné-Bissau, pelo que o projeto conta também com o apoio da União Europeia (UE).
Os produtos respeitam vários critérios: são oriundos da Guiné-Bissau e defendem a economia familiar e camponesa, têm qualidade, com garantias de higiene, a produção respeita o meio ambiente e a cultura local e os produtores obtêm uma remuneração justa pelos seus produtos, sintetizou a coordenadora do programa.
“A receita gerada pela atividade comercial de Cabaz di Terra é reinvestida no cumprimento da sua missão em defesa dos produtores marginalizados da Guiné-Bissau”, concluiu Pamela Ferreira.