Da Redação
Com Lusa
Com o mercado internacional a sobrepor-se em vendas ao mercado nacional num ano atípico, os produtores da Região dos Vinhos Verdes apostam e dinamizam o enoturismo para promover as produções de vinho, quintas e o noroeste de Portugal.
Diana e António Monteiro gerem, juntamente com o pai, a mãe e outro irmão, 250 hectares de vinha divididos por diferentes quintas no país, sendo uma das propriedades a Quinta da Arca, em Valongo, distrito do Porto.
Se, antes da pandemia de covid-19, o mercado nacional representava 60% das vendas e o mercado internacional 40%, este ano, as contas “inverteram-se”, com as produções a terem maioritariamente como destino os Estados Unidos da América, Canadá e o Brasil.
Apesar de a covid-19 ter adiado a execução de projetos “mais ambiciosos”, como a reconstrução de uma casa, no Lugar de Ferreira, para receber turistas e servir de casa-museu, esta empresa familiar, constituída em 1983, aproveitou para reconverter algumas vinhas e fazer obras.
Para dinamizar a Quinta da Arca, estão a construir um novo espaço, composto por uma cave de barricas, uma sala de armazenagem, uma linha de engarrafamento e uma sala para receber turistas que estão de passagem, dada a proximidade ao Porto, ou que participam nas caminhadas de cariz solidário.
Distam pouco mais de 53 quilômetros da Quinta da Arca, em Valongo, à Quinta de Paços, em Barcelos, distrito de Braga, uma herança há mais de 15 gerações na família de Paulo Ramos.
Nos 10 hectares da Quinta de Paços, os efeitos da pandemia foram praticamente os mesmos, com as exportações a sobreporem-se ao mercado nacional e os cerca de 30 mil litros de vinho verde produzidos anualmente a terem como destino a Noruega, Dinamarca, Suécia, Estados Unidos da América, Canadá, Alemanha, Inglaterra, Suíça, Holanda, Japão e Líbano.
Foi há pouco mais de dois anos que Paulo Ramos começou a dinamizar a produção, cujo primeiro prêmio internacional data 1876, promovendo o enoturismo na região com visitas e provas que chegaram a ter 30 a 40 pessoas por grupo.
Apesar de as visitas “serem já mínimas”, para dinamizar os 500 anos de produção de vinho, Paulo Ramos tem já “em papel” um projeto para reabilitar três casas perto da propriedade para receber e deixar pernoitar quem visita a quinta.
Foi também com o propósito de receber quem visita a Quinta do Soalheiro, em Melgaço, que Maria João Cerdeira inaugurou em agosto a “Casa das Infusões”, um alojamento local amigo dos animais com capacidade para seis pessoas, no interior da propriedade.
O que inicialmente parecia um projeto “arriscado”, rapidamente se tornou “numa surpresa”, uma vez que, em agosto e setembro, a lotação esgotou, com os portugueses a optarem por um destino de férias diferente.
Por tratar a sua produção “como quem trata de um jardim”, Maria João Cerdeira acredita ter conseguido “dar a volta” à covid-19, mantendo, por um lado, o enoturismo e, por outro, aumentando as vendas nos mais de 30 países com que já trabalhava.
Por primar também por projetos que, além de dinamizadores da região, “tenham sentido social, econômico e sustentável”, a Quinta do Soalheiro decidiu, há cerca de um ano, acrescentar à sua lista as infusões, um produto cujas provas e vendas “têm corrido muito bem”.
São 19 os quilômetros que separam a Quinta do Soalheiro da Adega Cooperativa Regional de Monção, presidida por Armando Fontainhas e que este ano teve uma quebra de faturação entre os 10 e 12%.
As medidas e restrições aplicadas devido à covid-19, fizeram o setor da restauração, o principal “canal” de vendas a nível nacional, “retrair-se”, mas as exportações ajudaram a Adega, que tem 1.600 produtores associados, a manter o “equilíbrio das contas”.
Com a Eslováquia e a Bulgária a juntarem-se, este ano, à lista dos países de exportação, o objetivo de Armando Fontainhas para o futuro passa por “melhorar os canais” com a Polônia e os países nórdicos, deixando, por enquanto na “gaveta”, o projeto de criar na propriedade uma enoteca.