Da Redação
Com Lusa
O produtor de vinhos da Bairrada Casimiro Gomes lança no início de março um novo vinho, batizado com o nome da mãe, que o levou a resgatar práticas vitícolas da região com mais de 50 anos.
A marca Regateiro lança dia 02 de março, em Águeda, o Vinha D’Anita, um tinto composto integralmente pela casta Baga e que o produtor Casimiro Gomes dedica à mãe, Ana Ganhoto, tratada pelos mais próximos por Anita.
A ligação deste vinho à mãe não se fica apenas pelo nome que pediu emprestado para a submarca, mas por o produtor ter optado por fazer um vinho à imagem das preferências da sua progenitora.
“Tem uma extração mínima, é menos alcoólico [cerca de 12,5 graus], não tem uma cor carregada, mas é um vinho de grande persistência. A minha mãe sempre preferiu esses vinhos”, contou à agência Lusa Casimiro Gomes, sublinhando que foi feito todo um trabalho “muito diferenciado”, recuperando as técnicas vitícolas dos anos 1960 e 1970.
O produtor considera que, ao longo dos anos, tentou-se forçar a casta Baga, natural da Bairrada, “a dar mais concentração, mais grau e ela não é assim”.
Para este vinho, foi recuperada a técnica de se retirarem as folhas “relativamente cedo”, com os cachos ainda verdes, para se adaptarem ao sol.
No final, acabou-se com um vinho da Bairrada “à antiga”, frisou Casimiro Gomes.
“É resgatar uma forma de se fazer vinho. É um perfil de vinho que deve existir e deve estar disponível para o mercado. Vai dar sensações e vai provocar no consumidor outro tipo de análise”, sublinhou.
Segundo o produtor, é fundamental “não se desprezar o conhecimento que muitas vezes era empírico e que passava de gerações para gerações”.
Este será um “vinho de nicho”, com cerca de 3.000 garrafas, e “um posicionamento diferenciado”, à imagem da restante marca Regateiro, com outros quatro vinhos, notou.
Por ano, a marca Regateiro produz cerca de 50 mil garrafas e exporta 70% do volume.
Os principais mercados são os Estados Unidos, Brasil e o mercado chinês, que está “a crescer com algum significado” apesar de ser muito irregular, referiu, registrando ainda vendas para o Canadá e Europa do Norte, para além de Angola, que perdeu alguma da sua importância nos últimos anos.
O objetivo, sublinhou, passa agora por aumentar a produção para o dobro – 100 mil garrafas -, num espaço de seis anos, e lançar mais submarcas que deverão seguir a filosofia expressa no Vinha d’Anita: “Pegar na tradição”.
“Pontualmente, ainda se conseguem encontrar vinhos desses em garrafeiras muito antigas ou em caves particulares e quando se prova um vinho desses há um esforço de memória para percepcionar o que está para trás. Não havia conhecimento técnico ou científico”, frisou, realçando que também é preciso dar valor àquilo que “os antepassados faziam”.
O lançamento do Vinha d’Anita vai decorrer dia 02 de março, a partir das 20:00, no restaurante Casa Vidal, em Águeda.