Da Redação
Com agencias
A produção de vinho em Portugal deve cair 20% na safra 2016/2017. A estimativa foi divulgada pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) de Portugal, ligado ao Ministério da Agricultura. A queda na produção da bebida está prevista em todas as regiões vinícolas de Portugal, exceto no Algarve, no sul do país, onde não deve haver variação em relação ao período 2015/2016.
Além do clima desfavorável em algumas localidades, as previsões pessimistas estão relacionadas, na maioria das regiões, a ataques de míldio, doença que causa manchas nas plantas; ao desavinho, quando as flores não se transformam em frutos; e à bagoinha, quando, além de bagos normais, há bagos de dimensões reduzidas, que não atingem a maturação.
As maiores quedas devem ocorrer nas regiões de Lisboa, Trás-os-Montes, Douro e Açores, onde podem ser superiores a 25% em relação ao período de 2015/2016. A produção vinícola portuguesa é medida entre o dia 1º de agosto de cada ano e o dia 31 de julho do ano seguinte.
No período de 2015/2016, Portugal produziu mais de 700 milhões de litros de vinho, 13% a mais do que na campanha anterior. Com a queda de 20%, a produção na próxima safra deve atingir um volume de 560 milhões de litros.
De acordo com a ViniPortugal (Associação Interprofissional do Setor Vitivinícola e gestora da marca Wines of Portugal), os vinhos representam 66% da exportação de “bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres” portugueses. De todo o vinho produzido no país, 45% é exportado, colocando Portugal na 12ª posição no ranking dos produtores mundiais da bebida.
Ainda segundo a ViniPortugal, o Brasil é o sexto maior comprador de vinho português, atrás apenas de Angola, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido.
Vinho Verde em alta
Já a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) antecipou uma “excelente colheita” na vindima deste ano, que deverá decorrer entre as últimas semanas de setembro e final de outubro com “menor quantidade, mas maior qualidade”.
“Dada a existência, na região dos Vinhos Verdes, de uma área significativa de vinha nova na meia encosta — e, como tal, mais suscetível a uma situação de carência hídrica, perante as atuais condições de temperatura elevada e de baixos teores de umidade atmosférica — poderá nesta colheita verificar-se uma diminuição no rendimento do mosto, o que pode revelar-se muito positivo quanto à qualidade da uva”, refere o enólogo António Cerdeira, citado no comunicado.
Independentemente do rendimento do mosto que possa ser obtido na vindima, pois “tudo dependerá das condições climáticas dos meses de agosto e setembro”, o presidente da CVRVV, Manuel Pinheiro, estima “uma redução da produção global na ordem dos 10%” e afirma-se “expectante quanto à excelente qualidade da colheita deste ano, que deverá ser superior aos outros anos”.
A redução da quantidade de uva – dependendo da casta, da data da poda e do microclima local – é antecipada devido às “temperaturas amenas e fraca precipitação” registadas durante o inverno, a que se seguiu “uma primavera chuvosa e com temperaturas inferiores à média dos últimos anos”.
Na anterior vindima a região dos Vinhos Verdes produziu cerca de 87 milhões de litros, ocupando o segundo lugar no consumo interno e liderando as exportações para 107 países.