Da Redação
Com Lusa
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, admitiu nesta segunda-feira um aumento da afluência aos consulados pelos cidadãos residentes no Reino Unido para solicitar documentos de identificação, como o cartão de cidadão ou o passaporte, devido ao ‘Brexit’.
“Provavelmente a procura até pode vir a intensificar-se nas próximas semanas”, adiantou o governante à agência Lusa, durante uma visita ao consulado-geral de Portugal em Londres.
Além de ter verificado um aumento significativo de novos registros no posto de portugueses residentes, o consulado antevê uma corrida à renovação dos documentos de identificação necessários para realizar a candidatura ao estatuto de residente no Reino Unido, obrigatório para depois do ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da União Europeia).
“À medida que o prazo, fim de 2020, se vai aproximando, [também] se vai intensificar o pedido do ‘Settlement Scheme’ [estatuto de residente], também é natural que as pessoas olhem melhor para as datas de validade dos respetivos cartões do cidadão, para saber se têm ou não o passaporte”, afirmou.
Até agora já se candidataram 162.500 portugueses, sendo atribuído um título permanente aos que estão há mais de cinco anos no país (‘settled status’) e um provisório aos que estejam há menos de cinco (‘pre-settled status’).
O número disparou nos últimos meses, de uma média anterior de cerca de 12.000 para 24.300 em agosto e 45.300 em setembro.
O ministro falava após uma visita à nova sala em funcionamento no rés-do-chão do posto, onde foi concentrado o serviço de emissão de cartões do cidadão e de passaporte no sentido de responder ao aumento da procura e acelerar o processo, permitindo aumentar o número de postos de nove para 14.
A nova área de 180 metros quadrados foi arrendada ao edifício contíguo ao consulado e evita a deslocação por elevador ou escadas até aos serviços antes situados no segundo andar e facilita o acesso, pois tem um elevador para pessoas com mobilidade reduzida.
“Evidentemente que o alargamento do espaço permitiu criar mais postos de atendimento e, portanto, permitiu melhorar e tornar mais rápido o processamento dos pedidos que as pessoas apresentaram”, afirmou, durante uma visita ao posto.
O ministro, que visitou o consulado acompanhado pelo secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, salientou que a maior celeridade faz parte de um investimento, que incluiu a modernização do equipamento tecnológico e reforço dos recursos humanos.
Apontou ainda para o impacto do Centro de Atendimento Consular para o Reino Unido, também designado como “Linha Brexit”, que desde a abertura em abril já atendeu mais de 40 mil telefonemas e respondeu a mais de 24 mil ‘e-mails’, prestando informações ou agendando o atendimento de serviços consulares.
“Os efeitos estão à vista: para necessidades urgentes, as pessoas são atendidas no mesmo dia, para atendimentos não urgentes, os prazos de agendamento estão em cerca de uma semana em Manchester e em cerca de um mês em Londres”, adiantou.
Apesar de alguns utentes terem comentado à Lusa que o atendimento no consulado “está melhor”, nem todos estão informados das novidades.
“Há vários meses que estou a tentar fazer uma marcação ‘online’ e não consegui. Vou de Portugal de propósito e paguei um bilhete bem caro para fazer o cartão do cidadão e o passaporte para o meu filho”, revelou Alina Martins, natural de Almada.