“Procura constante” por cidadania vai influenciar relações Portugal/Brasil nos próximos 10 anos

Da Redação
Com Lusa

A “procura constante” de brasileiros luso-descendentes que pretendem adquirir nacionalidade portuguesa vai ter um impacto no relacionamento entre Portugal e o Brasil nos próximos 10 a 15 anos, segundo o cônsul-geral português em São Paulo.

“Este consulado-geral é uma espécie de berço mundial das cidadanias portuguesas atribuídas”, disse à Lusa Paulo Lopes Lourenço, que referiu que em São Paulo – onde reside a segunda maior comunidade portuguesa no Brasil, com mais de 212 mil pessoas – são atribuídas mais de 800 nacionalidades por mês.

“A procura tem sido constante” e tem crescido na última década, comentou o diplomata. Para Paulo Lopes Lourenço, este aumento do número de cidadãos brasileiros com nacionalidade portuguesa terá “um impacto quer naquilo que chamamos de comunidade luso-brasileira, quer nos próximos 10/15 anos de relacionamento entre os dois países, porque estas pessoas entram já hoje em Portugal com passaporte português”.

Uma realidade que, para o cônsul-geral, só tem tendência a crescer. “Estou absolutamente convencido que, com a alteração à lei da nacionalidade promulgada no sábado, essa procura dos serviços consulares vai aumentar”, referiu, numa alusão à promulgação, pelo Presidente, da regulamentação da Lei da Nacionalidade.

Sobre as razões que levam os descendentes de portugueses de terceira geração a pedir a cidadania portuguesa, o diplomata comentou que são diversas: desde logo, há uma relação pessoal e familiar com Portugal, mas também “uma curiosidade” crescente em relação ao país e ainda “motivos de ordem prática, como a facilidade de circulação na Europa e nos Estados Unidos”.

O diplomata afastou a ideia de que a procura seja motivada essencialmente pela crise econômica que tem atingido o Brasil nos anos mais recentes.

Sobre a comunidade portuguesa em São Paulo, a maior cidade brasileira (com uma população superior a 21 milhões de pessoas), Paulo Lopes Lourenço comentou que “tem hoje uma vibração, uma energia e uma consciência de que Portugal está a viver um momento muito bonito”.

A comunidade é muito heterogênea, composta pelos imigrantes que ali se instalaram há várias décadas e pelos luso-brasileiros, mas é nos que chegaram há menos tempo que se percebem mais mudanças, indicou.

Recentemente, muitos expatriados, que eram sobretudo profissionais altamente qualificados, regressaram a Portugal, mas a mais recente vaga de expatriados é composta essencialmente por executivos de grandes empresas multinacionais e mesmo brasileiras.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, acompanhados pelos ministros da Educação e da Defesa e por deputados portugueses, visitaram este sábado e domingo São Paulo e, também o Rio de Janeiro no âmbito das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades.

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