Privatização das “Águas de Portugal” – o povo defraudado

A Cumplicidade da UE com o grande Capital em Paços de Ferreira

Por António Justo

Bruxelas quer o ouro do futuro (a Água) nas mãos de especuladores privados internacionais (já possibilita isso através da directriz 2000/60/EG). É uma catástrofe, em termos de futuro, querer furtar a água ao povo para o colocar na dependência arbitrária do monopólio das multinacionais de grandes países. O custo da água de Paços de Ferreira subiu 400%, para o consumidor, em pouco espaço de tempo. As autoridades locais parecem olhar a questão com indiferença porque sabem que quanto mais custa a água mais dinheiro entra, através do imposto, nos cofres do Estado.

Em muitos lugares já se vê a indicação de fontes públicas com o letreiro: “Impotável”. Isto pode ser um indício de uma medida de assalto aos bens públicos.

Que tencionam fazer os partidos no sentido de não deixar um bem elementar tornar-se num produto de especulação? O povo precisa de posições concretas e expressas nos programas de partidos para as eleições, onde se expresse a vontade de combater a corrupção internacional. (Veja-se esta reportagem alemã com legendas em português sobre as consequências da privatização da água em Paços de Ferreira https://www.youtube.com/watch?v=I5X9ioO9x9A&feature=player_embedded)

Os meios de comunicação social ocupam-se demasiado com intrigas e especulações de pessoas e de assuntos partidários, servindo deste modo os aduladores dos partidos e os que constroem a sua vida à custa deles, deixando de discutir medidas económicas e sociais que dizem respeito aos interesses do povo.

A liberalização do mercado da água, tal como se viu nos têxteis e nas pescas portuguesas, vem favorecer o capital das grandes firmas internacionais e indirectamente os países economicamente fortes porque destes é que surgem os capitalistas que compram as matérias-primas de países mais fracos e são também eles que substituem aí as empresas locais mais fracas. Se a política não defende os interesses das nações com menos poder de concorrência, quem os defende?

A burla económica só se torna eficiente com a colaboração de corruptos políticos (Muitas vezes vêem-se os políticos transitarem para as direcções de grandes empresas como paga dos seus serviços indirectamente prestados nos governos ou nos partidos).

Em Portugal, as comunas que privatizaram a água vêem-se sujeitas a um grande aumento de preços. Os monopólios só beneficiam os seus donos e os investidores nas especulações accionistas! Estas medidas de privatização implementadas pela Troika em países com dificuldades económicas degrada a personalidade do indivíduo e das nações. A UE com directrizes protectoras do grande capital coloca os países com dificuldades à disposição da irresponsabilidade. No passado os países pequenos podiam concorrer com os países fortes através dos seus produtos mais baratos. Agora que as grandes multinacionais produzem os produtos em quantidades mastodônticas (e deste modo mais baratos que os produtos de economias fracas) por mais que as economias da periferia se esforcem, não lhes fica senão a hipótese de resignar, emigrar ou baixar o nível de vida a padrões de vida de regiões ainda mais fracas. A concorrência dá-se a nível de proletariado e das regiões mais carenciadas.

 

Por António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

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