Primeiro-Ministro recebido em festa pelos alunos da Escola Portuguesa de Luanda

Primeiro-Ministro Antonio Costa com estudantes da Escola Portuguesa de Luanda, 06 Junho 2023. Foto AMPE ROGERIO/LUSA

Da Redação com Lusa

Neste dia 06, o primeiro-ministro português foi recebido em festa por parte dos cerca de dois mil alunos da Escola Portuguesa de Luanda, onde fotografou a Carolina, de sete anos, que disse ser fã de Marcelo Rebelo de Sousa.

Antes de partir de Luanda para a África do Sul, onde, na quarta-feira, se junta ao Presidente português para comemorar o Dia de Portugal em Joanesburgo e Pretória, no seu último ponto da visita oficial de dois dias a Angola, António Costa – acompanhado pelos ministros Fernando Medina, António Costa Silva, João Gomes Cravinho e Maria do Céu Antunes – esteve mais de uma hora na Escola Portuguesa de Luanda, rodeado por dezenas de estudantes eufóricos com aquele programa fora da habitual rotina.

O primeiro-ministro, com o diretor da escola ao seu lado, teve conversas animadas com alguns deles (crianças ou adolescentes) e entrou em várias salas de aula. Numa dessas salas de aula, com alunos de sete e oito anos, o professor começou por perguntar quem conhecia António Costa. Quase todos levantaram o braço.

Uma das meninas, a Carolina, decidiu fazer uma pergunta ao primeiro-ministro: “Conhece Marcelo Rebelo de Sousa? Sou fã dele”.

“Conheço sim. Quer algum recado para ele? Vou estar esta tarde com ele. Vou tirar-te uma fotografia”, respondeu imediatamente o líder do executivo português, pegando em seguida no seu telemóvel para a fotografar.

Os alunos quiseram saber várias coisas de António Costa. Um rapaz perguntou-lhe se estava a ler algum livro.

”Estou a ler um livro intitulado Independência, de Javier Cercas, um escritor espanhol”, esclareceu. Escutou também um rapaz de sete anos defender a seguinte definição sobre as relações entre Portugal e Angola: “Afastados na distância mas próximos no coração”.

António Costa gostou e, para testemunhar essa proximidade entre os dois povos, pediu ao seu ministro da Economia para falar aos alunos. “Nasci no centro de Angola, na província do Bié”, contou António Costa Silva.

Antes, o chefe do Governo português foi confrontado com um pedido do presidente da comissão executiva da escola, Eduardo Fernandes, que disse que gostaria de apostar no ensino especial, visando reforçar as respostas às necessidades de inclusão.

No seu breve discurso, durante a parte mais institucional desta visita, António Costa disse que, com o investimento que está a ser realizado, ao longo da legislatura, “será praticamente duplicado o número de escolas portuguesas no estrangeiro, o que significa um avanço muito importante num domínio fundamental da cooperação”.

O primeiro-ministro revelou também que, na segunda-feira, teve a informação de que o Presidente de Angola, João Lourenço, “tomou a decisão política” no sentido da integração da escola do Lubango na Escola Portuguesa de Luanda a partir do próximo ano letivo.

No primeiro ponto do programa, o primeiro-ministro visitou as instalações do Caixa Angola, entidade em que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) detém 51% e que este ano completa três décadas de atividade no mercado angolano.

Na parte aberta à imprensa, o administrador executivo da CGD Francisco Santos referiu que o banco público nacional está presente em 19 países, dos cinco em África: Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e África do Sul.

Com o ministro das Finanças, Fernando Medina a assistir à apresentação, Francisco Santos salientou que o Caixa Angola tem 27 agências, está presente em nove províncias e possui 514 colaboradores.

“Somos um banco de média dimensão, mas estamos no topo das preferências do cliente angolano”, sustentou, antes da intervenção do presidente da CGD, Paulo Macedo, feita sem a presença dos jornalistas.

No que respeita à evolução macroeconômica de Angola, foi elogiada a progressiva redução da dívida pública, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos três anos. Em 2023, estima-se um crescimento acima dos 3%.

Apesar de se registar uma diminuição na produção petrolífera angolana, em consequência da conjuntura externa a receita deverá manter-se. A este propósito, foram assinalados um aumento da receita fiscal em 76% e uma redução da inflação para pouco mais de 10%.

Balanço

Costa afirmou que chegou a Luanda com boas memórias e que sai agora da sua segunda visita oficial a Angola com melhores memórias, sustentando que todos os objetivos foram cumpridos.

“O Presidente de Angola, João Lourenço, disse que desejava que partisse com boas memórias. Disse-lhe que com boas memórias já cheguei [a Luanda] e que queria sair com melhores memórias. E vou sair com melhores memórias”, declarou António Costa.

Num balanço sobre a sua visita ao país, o líder do executivo nacional destacou a assinatura do novo Programa Estratégico de Cooperação (2023/2027), o aumento da linha de crédito empresarial luso-angolana de 1,5 para dois mil milhões de euros, a participação portuguesa no Museu da Luta de Libertação – um projeto emblemático para Angola – e, no plano educativo, o “compromisso claro de integração da escola do Lubango na Escola Portuguesa de Luanda”.

“São marcas fortes de um nível de relacionamento que hoje temos com Angola dos pontos de vista político, econômico e da circulação entre povos”, defendeu.

Perante os jornalistas, António Costa advogou também que Angola oferece atualmente um melhor ambiente para negócios, assinalando a este nível a existência de um novo quadro jurídico.

“Em 2018, um dos temas centrais era o de iniciarmos o processo de certificação das dívidas. Hoje, 80% das dívidas certificadas já estão pagas, o que representou um esforço grande por parte do Estado angolano num contexto difícil de dramática crise global em consequência da covid-19. E o processo de certificação prossegue. Ainda na terça-feira, o Presidente João Lourenço transmitiu que continuará a dar força a este processo de certificação”, referiu.

Para António Costa, há “um compromisso efetivo do Estado angolano com as empresas portuguesas”.

“O Presidente João Lourenço fez um apelo claro no sentido de que as empresas portuguesas participem nos processos de privatização que o Estado angolano vai lançar”, apontou.

Em relação aos vistos para a circulação de pessoas, o primeiro-ministro admitiu que esse ponto “ainda é um problema”.

“Foi assinado um acordo de mobilidade no âmbito da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), foi uma proposta portuguesa, em particular minha. Já temos o acordo assinado, já se transpôs para a legislação nacional e há agora um esforço de aplicação que tem melhorado mas ainda não está num nível que eu gostaria que estivesse”, assumiu.

De acordo com o líder do executivo português, a sua visita oficial cumpriu os objetivos delineados pelo seu Governo.

“Além das áreas tradicionais, há agora uma diversificação dos setores de cooperação, abrangendo o turismo ou o agroalimentar. Senti uma resposta muito positiva por parte das empresas portuguesas”, acrescentou.

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