Primeiro-Ministro prevê “mudança estrutural da economia” com exportação de hidrogênio no futuro

Da Redação com Lusa

O primeiro-ministro defendeu hoje que a produção de hidrogênio verde permitirá a Portugal não só produzir a energia que consome, como tornar-se um país exportador, no que classificou de “mudança estrutural da economia”.

Na cerimônia de assinatura dos contratos no âmbito do primeiro Programa de Apoio à Produção de Hidrogênio Renovável e outros Gases Renováveis, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Costa realçou que “um dos problemas crônicos do país é a sua dependência energética”, e o peso que a energia tem na balança comercial nacional e que se agravou com a guerra na Ucrânia.

“Quando estamos a libertar-nos dos combustíveis fósseis, não estamos só a libertar-nos de combustíveis que emitem carbono para o ambiente, estamos também a contribuir de modo decisivo para ter uma balança de pegamentos e comercial mais equilibrada”, defendeu.

O primeiro-ministro afirmou que, com projetos como os que foram hoje assinados, além de o país deixar de importar muita da energia que consome porque passará a produzi-la, deve ter ainda uma outra ambição para futuro.

“Podemos tornar-nos verdadeiros exportadores da energia que produzimos e essa é uma mudança estrutural para o futuro da nossa economia, que transformará o país para as próximas décadas, pelo menos, e essa é uma oportunidade que não podemos desperdiçar”, avisou.

O primeiro-ministro considerou que “a melhor demonstração de que há um efetivo interesse do mercado europeu” na importação de hidrogênio verde produzido na Península Ibérica foi a Alemanha querer juntar-se ao projeto do chamado ‘corredor verde do hidrogênio’ desenvolvido por França, Portugal e Espanha.

“Se há mercado, se há infraestruturas, se há neste momento recursos financeiros para apoiar, temos efetivamente de apostar”, afirmou Costa agradecendo às empresas que hoje viram os seus projetos aprovados, só parcialmente financiados pelo PRR.

Os 25 projetos hoje assinados totalizam verbas de 102 milhões de euros do PRR, mas no total representam um investimento de 237 milhões de euros.

“Vocês fazem um grande esforço por parte do setor privado. É um excelente exemplo de que, com boas políticas públicas, com objetivos claras, regras regulatórias estáveis e transparentes, com a agilização e simplificação do processo de licenciamento e a devida combinação entre o que é o apoio público e a capacidade de mobilização do setor privado conseguimos transformar o perfil da economia portuguesa num setor tão critico como a energia”, afirmou.

António Costa referiu que, quando o Governo decidiu apostar no hidrogénio verde, “muitos tiveram dúvidas”, apesar de Portugal dispor em abundância dos recursos necessários à sua produção, como o sol e a água.

“Felizmente, o PRR veio dar a oportunidade de demonstrar como era uma boa solução e, infelizmente, a tragédia da guerra mostrou bem como a Europa e Portugal têm de acelerar a independência energética”, afirmou.

Na componente ambiental, destacou que só nestes 25 projetos será possível reduzir 167 mil toneladas de emissões de dióxido de carbono.

“Significa praticamente todas as emissões de CO2 da gasolina durante um ano na cidade de Lisboa, tem um enorme potencial de cumprirmos a meta que temos da descarbonização do país”, apontou.

O primeiro-ministro salientou que grade parte dos projetos hoje assinados “não estão no litoral nem nos grandes centros urbanos”, estão junto às unidades industriais e muitos no interior.

“O desenvolvimento do interior do país passa, desde logo pelo aproveitamento dos seus recursos endógenos, temos sol, temos água e capacidade empresarial com vontade de investir”, sublinhou.

No início da cerimônia, o ministro do Ambiente e da Ação Climática tinha anunciado que o Governo vai lançar este mês um segundo programa de apoios a projetos na área dos gases renováveis, com uma dotação de 83 milhões de euros.

“Queremos este mês lançar um segundo aviso, um segundo programa para gases renováveis com uma dotação de 83 milhões de euros e com isto executar a 100% esta linha do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Este aviso terá como foco a produção de biometano, os projetos que foram excluídos do primeiro aviso podem agora candidatar-se”, detalhou Duarte Cordeiro.

PIB

O primeiro-ministro revelou que, de acordo com um estudo do Ministério das Finanças, “cada euro do Plano de Recuperação e Resiliência vai-se traduzir num crescimento de 5,3 euros do Produto Interno Bruto” (PIB).

António Costa citava o estudo de impacto das verbas do PRR no PIB feito pelo Gabinete de Estudos e Relações Internacionais do Ministério das Finanças (GPEARI).

Costa referiu estes dados para salientar que o PRR tem “um impacto econômico que supera em muito os 16,6 milhões de euros que já estão alocados”, designadamente através do “efeito de alavancagem que tem de investimento”.

“Só no programa das Agendas Mobilizadoras, que é talvez o mais desafiante (…), dos três mil milhões de euros do apoio do PRR, correspondem depois 7.700 milhões de euros de investimento, sobretudo por parte das empresas”, frisou.

Por outro lado, o primeiro-ministro acrescentou também que o PRR tem um “impacto muito significativo naquilo que é o volume de negócios”.

“Só no âmbito destas Agendas Mobilizadoras, o conjunto de consórcios pretende produzir mais dois mil produtos, serviços ou patentes, com um aumento do volume de negócios anual de 8.800 milhões de euros, e isto significa que este efeito multiplicador para os próximos anos do PRR vai ser fortíssimo na economia portuguesa”, disse.

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