Da Redação
Com agencias
O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, ressaltou esta segunda-feira a “grande honra” do seu país de servir em operações de paz na visita que fez à República Centro-Africana.
Em Bangui, o chefe do governo revelou às Nações Unidas que esse papel é importante para a segurança e para o avanço em todo o planeta. Ele mencionou a relação muito próxima de Portugal com África, como a nação europeia que está “geograficamente mais perto” do continente africano.
“Ao longo de muitos anos fomos desenvolvendo uma relação histórica, cultural e de amizade com muitos países africanos: os de língua oficial portuguesa, mas também com todos os outros. Aqui na República Centro-Africana tivemos uma comunidade muito importante, e é essencial para o futuro do nosso mundo que haja maior estabilidade e desenvolvimento em África para podermos ter uma cooperação mais estreita entre África e a Europa. É nesse compromisso que temos com as Nações Unidas e no quadro da União Europeia e é para nós uma grande honra poder servir essas duas instituições aqui na República Centro-Africana.”
Portugal contribui com um contingente de 160 militares na Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana, Minusca, e com 11 soldados na missão da União Europeia.
A Minusca apoia os esforços de paz, estabilidade e de proteção de civis no país que se recupera do conflito civil que teve início em 2013 entre os ex-rebeldes Séléka, de maioria muçulmana, e as milícias anti-Balaka, de maioria cristã. Mais de 4,5 milhões de pessoas foram desalojadas durante os confrontos.
Em território centro-africano, Costa esteve nos campos das forças e manteve contatos com os responsáveis das duas missões e as autoridades do país.
O primeiro-ministro português reiterou ainda a importância da presença portuguesa para o fim de vários conflitos, destacando que estes são fatores que impulsionam a chegada de refugiados à Europa e o terrorismo internacional.
Angola
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, em Luanda, a visita do primeiro-ministro de Portugal a Angola poderá ocorrer ainda nesta primavera, depois dos contatos efetuados durante a sua visita ao país.
Augusto Santos Silva, que regressou a Portugal após três dias de intensos trabalhos em Angola, manifestou a sua satisfação pelos resultados da visita, reiterando as relações “muito densas e ricas” entre os dois países, nas áreas politico-diplomática e econômica.
Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, a sua visita a Angola visou fazer a síntese de vários encontros setoriais, de preparação para a visita do Primeiro-ministro, que por sua vez criará as condições para a visita de Estado do Presidente da República português.
O governante português sublinhou que as relações entre Portugal e Angola tiveram resultados muito positivos em 2016, perspectivando que este ano sejam ainda melhores.
“O ano 2016 foi positivo, sobretudo na frente político-diplomática. As relações entre os Estados são de perfeita normalidade”, disse o ministro.
Recordando que “Angola foi muito importante no apoio, desde a primeira hora, à candidatura de António Guterres a Secretário-geral das Nações Unidas”, Santos Silva sublinhou que “não foi aí que o papel de Angola no Conselho de Segurança foi importante”.
“Tive a ocasião de participar no debate organizado pela presidência angolana do Conselho de Segurança, em maio, sobre a questão da segurança nos Grandes Lagos e pude testemunhar pessoalmente o belo trabalho que Angola fez em prol da projeção da segurança nesta região”, citou.
Acrescentou que os dois países têm interesses convergentes “muito importantes” na estabilização da grande região central de África e do Sahel, recordando que Portugal tem neste momento forças empenhadas no âmbito da ONU na República Centro Africana e, também no âmbito da ONU, outra força destacada no Mali.
“E por isso o trabalho conjunto com Angola é muito útil para nós, designadamente se pensarmos também na situação que se vive na República Democrática do Congo, onde a comunidade portuguesa é importante”, sublinhou.
A nível econômico, Augusto Santos Silva saudou os sinais de recuperação econômica que os dois Estados vêm evidenciando nos últimos tempos, depois de crises profundas que causaram uma significativa redução nas suas trocas comerciais.
Para o ministro, a continuidade dos investimentos, quer em Angola por portugueses, quer em Portugal por angolanos, é a prova da “natureza duradoura e estrutural do relacionamento econômico entre os dois países”. E frisou ter ficado com a percepção de que é vontade dos portugueses não só continuarem em Angola, como intensificarem a sua atividade, apesar das restrições no acesso a divisas, a principal preocupação manifestada no encontro com empresários, em Luanda.