Da Redação
Com Lusa
O primeiro-ministro, António Costa, defendeu nesta sexta-feira em Bruxelas, que é “boa altura” para a União Europeia concluir enfim as negociações com a organização do Mercado Comum do Sul (Mercosul), “que se arrastam já há muito, muito, muito tempo”.
Na conferência de imprensa no final do Conselho Europeu, que decorreu entre quinta-feira e hoje em Bruxelas, Costa referiu-se à carta conjunta que subscreveu juntamente com outros seis chefes de Estado e de Governo da União Europeia e foi dirigida ao presidente da Comissão Europeia, a solicitar a Bruxelas que avance de forma decisiva na conclusão das negociações que visam um acordo de livre comércio com os países da Mercosul.
“Tive oportunidade de subscrever com seis outros primeiros-ministros uma carta dirigida ao presidente Juncker para sublinhar que consideramos estarem neste momento adquiridas as condições necessárias para dar por concluídas as negociações com o Mercosul, que são negociações que se arrastam já há muito, muito, muito tempo, e que é portanto boa altura de podermos concluir estas negociações”, declarou.
Na carta, a que a Lusa teve acesso, António Costa, Pedro Sánchez (Espanha), Angela Merkel (Alemanha), Mark Rutte (Holanda), Andrej Babis (República Checa), Krisjanis Karins (Letónia) e Stefan Lofven (Suécia) destacam que “o aumento da ameaça do protecionismo e outros fatores geoestratégicos estão a ter um grande impacto nas exportações e no comércio internacional”.
“Neste contexto, temos uma oportunidade histórica e estratégica de fechar um dos mais importantes acordos da política comercial europeia”, sublinham, realçando que a Mercosul abrange cerca de 260 milhões de consumidores.
Os líderes argumentam que, “com o aproximar do fim das negociações, deve ser reconhecido que a Mercosul fez um progresso significativo nas suas discussões internas referentes às negociações comerciais com a UE”.
E, a seu ver, a organização “parece determinada em liberalizar certos setores que são muito importantes para nós”, assinalam, numa alusão à manufatura, à indústria automóvel e à indústria química.
“A UE não pode desistir perante argumentos populistas e protecionistas relativos à política comercial”, concluem, pedindo a Jean-Claude Juncker que faça à Mercosul uma “oferta equilibrada e razoável” de acordo de livre-comércio.
Na quarta-feira, a Comissão Europeia manifestou “empenho” para chegar a um “resultado positivo” nas negociações com a Mercosul, que visam um acordo de livre-comércio, mas salienta que “ainda há trabalho a fazer”.
“Estamos empenhados em levar estas discussões comerciais a um resultado positivo, mas para isso acontecer ainda há trabalho a fazer”, afirmou o porta-voz da Comissão Europeia para a área do Comércio, Daniel Rosário.
No final desta semana, negociadores da UE e da Mercosul vão, então, reunir-se em Bruxelas, precisou o porta-voz.
“A Comissão Europeia saúda e partilha o esforço e o compromisso político mostrado pela Mercosul nos últimos dias e semanas”, adiantou Daniel Rosário.
A UE e a Mercosul negociam desde 1999 um amplo acordo de associação que inclui um acordo comercial, mas as negociações estiveram por diversas vezes totalmente bloqueadas, tendo sido retomadas apenas em 2016.
O processo voltou a estar em foco depois de, no início do mês, o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ter dito que o acordo entre a UE e o Mercosul estaria “iminente”.
Em causa estão declarações feitas pelo chefe de Estado brasileiro durante uma visita ao Presidente argentino, Mauricio Macri, em Buenos Aires, dando conta de que o acordo de livre-comércio estaria “prestes” a ser alcançado.
Há duas décadas, a UE e a Mercosul – que junta Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – iniciaram formalmente negociações para assinar um acordo comercial.
Nos últimos meses foram feitos progressos para alcançar o acordo, mas as negociações ainda não foram concluídas.