Primeiro-ministro anuncia fim do programa de resgate na Grécia: “Acabou a troika”

Mundo Lusíada
Com Lusa

bandeira_uniao-europeiaO primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou em 12 de fevereiro o fim do programa de resgate no país, vincando que “acabou a ‘troika’, acabou o memorando de entendimento”, na conferência de imprensa no final do Conselho Europeu, em Bruxelas.

“Estaremos em contato com os nossos parceiros institucionais – Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu – para encontrar soluções comuns aceitáveis”, salientou Tsipras, afirmando e reafirmando que não será repetido o memorando de entendimento com a ‘troika’.

O líder grego apresentou aos seus homólogos europeus as propostas que tem para o pós programa de resgate, que termina no final do mês, garantindo que vai cumprir as regras europeias, ainda que não concorde com elas.

“Discordamos das regras que provocam austeridade, mas somos obrigados a respeitar as regras europeias”, sublinhou, lembrando que, por outro lado, “deve haver respeito pela democracia” e o mandato que os eleitores lhe deram.

O chefe de Governo grego sublinhou que “as reformas aplicadas no programa de resgate não funcionaram”, considerando também que “a Grécia precisa de alguma folga orçamental”.

Tsipras afirmou que, havendo acordo com os seus parceiros, a Grécia “precisa de um novo contrato social que leve o país de novo para o caminho do crescimento”. Este novo programa é o centro das negociações na próxima reunião com os ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), na segunda-feira.

O primeiro-ministro grego e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, concordaram em relançar o debate com vista a alcançar um acordo sobre o pós-‘troika’.

Carta aberta
Em Portugal, o primeiro-ministro considerou que a carta aberta que lhe foi dirigida por 32 figuras públicas “parte de um equívoco”, pois Portugal “é, de longe”, dos Estados-membros que maior esforço fez para apoiar a Grécia.

Pedro Passos Coelho negou qualquer “antipatia” relativamente ao novo executivo de Atenas e sublinhou que Portugal até é o país da UE que, em termos proporcionais ao PIB, maior esforço de solidariedade fez.

Ressalvando que não quer “alimentar qualquer sentimento de desigualdade”, o primeiro-ministro lembrou que a Grécia teve “soluções únicas e excepcionais que outros países não tiveram”, desde o início da crise. “Mas aqueles que também fizeram um esforço muito grande, sabem que não tiveram condições tão facilitadas, digamos assim, como a Grécia teve, e isso hoje também sai do bolso desses cidadãos, quer dos cidadãos portugueses, quer dos cidadãos irlandeses”, apontou.

Um grupo de 32 destacadas figuras portuguesas apelou ao primeiro-ministro para aproveitar o debate sobre a Grécia no Conselho Europeu para inverter as políticas de austeridade seguidas internamente.

A “Carta ao primeiro-ministro de Portugal” foi subscrita por 32 figuras, como os ex-ministros Bagão Félix (CDS-PP) e Freitas do Amaral (executivos da AD/CDS e PS), Ferro Rodrigues e João Cravinho (PS), mas também pelo ex-líder parlamentar do PSD José Pacheco Pereira, pelo ex-coordenador do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, pelos economistas Paulo Trigo Pereira, Pedro Lains e José Reis, pelo empresário Ricardo Bayão Horta, pela escritora Lídia Jorge, pelo ex-secretário-geral da CGTP Manuel Carvalho da Silva ou pelo ex-dirigente comunista Octávio Teixeira, além do ex-Embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa.

A missiva começa por manifestar preocupação quanto à “posição do Estado Português no Conselho Europeu de hoje”, recordando que Pedro Passos Coelho “tem declarado que, mesmo perante a grave crise humana que se vive na Grécia, a política de austeridade prosseguida se deve manter inalterada”.

Apesar de concordarem que “a Europa vive uma situação difícil, pelas tensões militares na sua periferia e pelos efeitos devastadores de políticas recessivas que geraram desemprego massivo”, os signatários apontam como problema “o aumento do peso das dívidas soberanas e a deflação”, que abalam assim “os alicerces de muitas democracias”. “Este momento exige por isso uma atitude construtiva, que conduza a uma cooperação europeia de que Portugal não se deve isolar”, defendem.

Os 32 subscritores da carta consideram que, “para evitar uma longa depressão, a União tem de combater a incerteza na zona euro e, para tanto, precisa de uma abordagem robusta que promova soluções realistas e de efeito imediato”.

Os signatários consideram ser também do interesse de Portugal “contribuir ativamente para uma solução multilateral do problema das dívidas europeias reduzindo o peso do serviço da dívida em todos os países afetados, que tem sufocado o crescimento econômico, agravando a crise da zona euro”.

Defendem também a necessidade de Portugal favorecer “uma Europa que não seja identificável com um discurso punitivo mas com responsabilidade e solidariedade, que não humilhe Estados-membros mas promova a convergência, que não destrua o emprego e as economias mas contribua para uma democracia inclusiva”.

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