Mundo Lusíada
Com agencias
O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho reconheceu, em 27 de setembro, que o futuro do país está nas mãos dos portugueses. Passos Coelho apelou à participação coletiva na resolução dos problemas.
“Não deixaremos de tomar nas nossas mãos a resolução dos nossos problemas. Os que são nossos, temos que os resolver. Se essa vontade existir não há nada que nos impeça de ser bem-sucedidos”, disse Pedro Passos Coelho durante um almoço conferência sobre desenvolvimento sustentável no Centro de Congressos do Estoril.
Num discurso marcado pelo tom dramático, o primeiro-ministro enfatizou a necessidade de prosseguir o que chamou de “esforço de ajustamento” da economia do país. “Se isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal” depende muito da vontade coletiva, afirmou.
“Quanto ao nível de vontade coletiva e de consciência coletiva do que temos de fazer daqui para a frente, a mim cabe-me fazer alguma pedagogia, dar algumas pistas de reflexão, mas sois vós, no conjunto, é a sociedade que tem que se manifestar quanto a isso. Saber se daqui para a frente isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal depende muito da nossa vontade coletiva e da consciência que temos dos problemas”, disse Passos Coelho.
O primeiro-ministro referiu que o “ajustamento”, ou seja, uma série de medidas de austeridade que o governo da coligação PSD-CDS tem vindo a anunciar, não será concluído no curto prazo. “É importante saber se queremos ultrapassar essas dificuldades, durante um processo de ajustamento que é longo e que é difícil, ou se vamos desistir às primeiras dificuldades”, disse, considerando uma ideia errada pensar que o processo de ajustamento “pode ser aliviado ao cabo de um ano ou de um ano e meio”.
“Temos nós de mostrar que estamos mentalizados de que uma dívida como aquela que foi gerada e um desequilíbrio tão grande nas políticas públicas e também no endividamento privado que se registrou nos últimos anos em Portugal não demora um ano a ser corrigido, demora mais, e exige um esforço maior do que aquele que desempenhamos até hoje”, disse.
Segundo o primeiro-ministro, cujo governo tem vindo a ser alvo de crescente contestação em todo o país, a “determinação” dos portugueses é essencial, para passar aos credores a “melhor impressão”.
Se “a nossa percepção interna e a nossa vontade não for esta, dificilmente quem vê de fora ficará com melhor impressão e vai querer ajudar mais. Isso depende de nós, estritamente de nós”, apelou o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.
Não somos surdos nem cegos
Na Assembleia da República, o Primeiro-Ministro português referiu que é importante saber encontrar forças para mobilizar os portugueses. “Nós não podemos e não somos surdos nem cegos relativamente ao País e, seguramente, não ficaremos mudos perante as suas dificuldades”, afirmou o Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho, no primeiro debate quinzenal do novo ano parlamentar.
“Reconhecemos que os portugueses têm hoje, relativamente ao futuro, uma expectativa diferente da que gostariam de ter”, Pedro Passos Coelho afirmou que o Governo “deve afastar qualquer visão arrogante ou paternalista, porque – apesar de saber que está a resolver os problemas – tem sentido de humildade para reconhecer que as dificuldades pelas quais as pessoas passam são muitíssimo grandes”.
Citando um resultado positivo, apesar da dura negociação, com o Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia, o Primeiro-Ministro lembrou que “Portugal foi o único país sob assistência financeira que viu as metas serem revistas”, o que “só se faz em clima de confiança e de crédito sobre o caminho que está a ser percorrido”.
Pedro Passos Coelho disse que é importante que os portugueses saibam que as suas dificuldades e esforços são reconhecidos. “É importante que o País, que tem feito um esforço realmente significativo, com grandes sacrifícios, para poder mostrar que tem vontade de cumprir, sem o que não temos confiança nem crédito, saiba que isso já é reconhecido lá fora”.
“O primeiro-ministro não pode continuar a esconder-se”
O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, afirmou em 02 de outubro que o primeiro-ministro “não pode continuar a esconder-se” e deve dar explicações ao país sobre as medidas alternativas à Taxa Social Única (TSU) já apresentadas e aprovadas em Bruxelas.
“Não pode ser de outra forma, porque se as medidas foram aprovadas há quatro dias e representam um enorme aumento de impostos que vai tirar um salário a toda a gente, ou algo desse tipo, então o primeiro-ministro não pode continuar a esconder-se”, disse o líder bloquista.
Francisco Louçã disse ainda que, depois de já ter falado em Bruxelas, “seria inaceitável e absurdo que o primeiro-ministro andasse a fugir ao país”. “Ele tem que explicar ao país e tem de ser ele, não pode mandar recados por Borges ou por algum outro figurante. Tem de ser o primeiro-ministro a explicar aquilo que propõe”, acrescentou.
Louçã sublinhou ainda que a atitude de Pedro Passos Coelho é já uma “muito boa razão” para a moção de censura que vai ser discutida. “Um Governo que foge é irresponsável. Um governo que agrava a recessão é irresponsável. Um Governo que mente é irresponsável. Um Governo que provoca tanta dificuldade à vida das pessoas é irresponsável e deve ser demitido”, concluiu.
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, revelou dia 01 que a Comissão Europeia já aprovou as medidas alternativas que o Governo apresentou para compensar o recuo nas mudanças na Taxa Social Única (TSU). “A Comissão Europeia dá a sua opinião, mas quem aprova é Portugal. O primeiro-ministro não disse nada”, disse Francisco Louçã.