Preso ex-presidente do Banco do Brasil e Petrobras após pedir R$ 20 milhões em propina

Da Redação
Com agencias

Foto: Tânia Rêgo/Abr

O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine teria recebido ao menos R$ 3 milhões de propina em espécie da Odebrecht para não prejudicar a empresa em futuras contratações, segundo informações das equipes da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) que atuam na Lava Jato.

Bendine foi preso temporariamente nesta quinta-feira dia 27 em São Paulo, na 42ª fase da Lava Jato, denominada Operação Cobra. Foram cumpridos outros dois mandados de prisão temporária em Pernambuco.

Segundo as investigações, antes de receber os R$ 3 milhões, em 2015, Bendine pediu outros R$ 17 milhões de propina à Odebrecht quando ainda era presidente do Banco do Brasil. Em troca, ele atuaria para rolar uma dívida da Odebrecht Agroindustrial.

Bendine presidiu o Banco do Brasil entre abril de 2009 e fevereiro de 2015, quando substituiu Graça Foster na presidência da Petrobras. A investigação contra Bendine teve como base as delações premiadas de Marcelo Odebrecht, ex- presidente-executivo do grupo Odebrecht, e de Fernando Reis, executivo da companhia.

Por entender que Bendine não tinha poder para influenciar na rolagem do empréstimo, a empresa decidiu não pagar os R$ 17 milhões, mas acabou aceitando repassar, posteriormente, R$ 3 milhões para garantir seus interesses na Petrobras, disseram os procuradores.

Os indícios mostram que os pagamentos foram feitos em três repasses de R$ 1 milhão, todos em 2015, feitos por meio de contratos fictícios de consultoria junto a uma empresa laranja, informou o MPF.

Na nota do MPF, o procurador da República Athayde Ribeiro Costa destacou a audácia dos envolvidos. “É incrível topar com evidências de que, após a Lava Jato já estar em estágio avançado, os criminosos tiveram a audácia de prosseguir despojando a Petrobras e a sociedade brasileira”, disse.

O publicitário André Gustavo Vieira da Silva, que é representante de Bendine, e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior também foram detidos. Os três foram presos temporariamente, ação que tem um prazo de cinco dias e pode ser prorrogada ou convertida em prisão preventiva, que é quando o investigado não tem prazo para deixar a prisão.

Segundo a revista Época, André Gustavo é famoso em Portugal e já trabalhou em campanhas políticas, para o partido PSD. De acordo com a mesma fonte, o Ministério Público brasileiro chegou a pedir informações ao MP português sobre as deslocações de Vieira da Silva.

Aldemir Bendine deixou o Banco do Brasil com a missão de acabar com a corrupção na empresa estatal de petróleo, alvo da Lava Jato, mas, segundo os delatores, o acusado já cobrava subornos no Banco do Brasil e continuou a cobrar na Petrobras. Segundo o portal G1, Bendine embarcaria para Portugal dia 28. “É importante destacar que o MPF encontrou apenas a passagem de ida, não significa que não havia a passagem de volta”, afirmou Athayde Ribeiro Costa, procurador da República, em Curitiba.

Empresário que embarcava para Portugal continua preso

Desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF 2) mantiveram, em julgamento dia 26, a prisão do empresário do setor de ônibus Jacob Barata Filho. Ele está preso desde o dia 2 após ser detido no Aeroporto Internacional do Galeão, quando se preparava para viajar a Portugal.

O empresário foi preso na Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato que investiga a relação criminosa entre empresários de transporte público com o pagamento de propinas milionárias a políticos para manutenção de tarifas maiores e obter outras vantagens.

O advogado José Carlos Tórtima, que defendeu Barata, com pedido de habeas corpus, argumentou que seu cliente não fazia parte da classe de criminosos contumazes, como assassinos em série e traficantes, e pediu que ele fosse transferido para prisão domiciliar, sob fiança e com uso de tornozeleira eletrônica.

Porém, o argumento da defesa não convenceu a maioria dos desembargadores, que mantiveram a prisão preventiva de Barata, considerado o maior empresário do ramo de ônibus do estado do Rio e um dos maiores do Brasil. O advogado de Barata disse que vai apelar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Conforme o MPF, as investigações indicam que Barata Filho e outros investigados movimentaram mais de R$ 260 milhões em caixa 2. Junto com Lélis Teixeira, Carlos Lavouras e Marcelo Traça, operava um esquema paralelo de contabilidade e movimentação financeira, por meio do recolhimento semanal de dinheiro em espécie nas empresas de ônibus. Os valores eram repassados a políticos e agentes públicos, de acordo com os interesses das empresas.

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