O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse acreditar na possibilidade de se conseguir um acordo humanitário até o fim deste ano sobre o caso de um luso-americano seqüestrado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em cativeiro desde fevereiro de 2003.
Questionado pela Agência Lusa em Lisboa, no final de sua visita de cerca de quatro horas, Hugo Chávez disse ter abordado a questão com o primeiro-ministro português, José Sócrates, e no mesmo dia, em Paris com o presidente francês. "Há uma possibilidade de se chegar a um acordo humanitário. Há possibilidades crescentes, sobretudo depois da reunião de hoje [20 de novembro] com Sarkozy", afirmou Chávez.
"Vamos continuar trabalhando. Estamos dependentes de uma posição de Bogotá. Já enviei uma mensagem ao presidente das Farc [Manuel Marulanda] sobre o conteúdo de uma nova proposta para a solução do problema e aguardo a resposta", acrescentou. No dia 8 de novembro, o secretário-geral das Farc, Ivan Marquez, garantiu que a organização entregaria em breve, ao presidente Chávez, provas de que o luso-americano Marc Gonsalves e outros estrangeiros seqüestrados estão vivos. Alguns estão presos desde 2002.
As Farc são uma organização guerrilheira colombiana que surgiu em 1964, com ideologia comunista, e que tem entre 12 mil e 17.500 membros. O grupo mantém em cativeiro, desde 13 de fevereiro de 2003, o luso-americano Marc Gonsalves, que foi seqüestrado depois de um acidente com o avião em que viajava com mais quatro pessoas. Marc cumpria uma missão de vigilância do cultivo de droga na selva colombiana de Caquetá, a serviço de uma companhia privada contratada pelo governo norte-americano. Os destroços do avião foram cercados por guerrilheiros das Farc, que executaram os tripulantes Thomas Janis e Luis Alcides Cruz, levando como reféns Marc Gonsalves, Keith Stansell e Thomas Howes.
Entre os "reféns políticos" detidos pelas Farc está também a ex-candidata a presidência da Colômbia, a franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada durante a campanha eleitoral de 2002. O acordo humanitário defendido por Chávez permitiria trocar 45 reféns por 500 guerrilheiros detidos pelas autoridades colombianas.