Da Redação
Com Lusa
O Presidente de Timor-Leste lamentou “profundamente” a decisão da maioria do Governo no parlamento de não autorizar a sua visita ao Vaticano para um encontro com o papa no final deste mês.
“O Presidente da República lamenta profundamente a decisão da maioria da AMP [coligação do Governo] no Parlamento, ter travado a oportunidade da visita”, refere uma mensagem de Francisco Guterres Lu-Olo, que está de férias até ao final da semana, lida aos jornalistas pelo chefe da Casa Civil, Francisco Vasconcelos.
Recordando que “para os timorenses, o Estado do Vaticano tem um significado especial”, Lu-Olo explica que a sua audiência com o papa Francisco estava marcada para 23 novembro, estando igualmente previstas reuniões com o secretário de Estado, Pietro Prolin, e o arcebispo Paul Gallagher, chefe da diplomacia.
“Quando o Parlamento Nacional votou contra a visita de Estado, o chefe de Estado perdeu a oportunidade de convidar pessoalmente Sua santidade para visitar Timor-Leste em 2019, quando se assinalam duas datas históricas”, disse.
Em concreto o 20.º aniversário do referendo de autodeterminação, realizado em 30 de agosto de 1999, e, a 12 de outubro, o 30.º aniversário da visita a Timor-Leste do papa João Paulo II, que “chamou a atenção internacional para a luta do povo de Timor-Leste”.
A igreja, recordou, “contribuiu para mobilizar e encorajar o povo a votar no referendo de 1999” e durante o período da resistência à ocupação indonésia, entre 1975 e 1999, “foi um componente da resistência cultural” dos timorenses.
O chefe de Estado relembra que o seu papel, como ocorreu com os seus antecessores no cargo – Xanana Gusmão, José Ramos-Horta e Taur Matan Ruak – é também de promover a “importante” relação do país com a comunidade internacional.
Lu-Olo recorda que o parlamento já tinha chumbado este ano deslocações suas à Indonésia, aos Estados Unidos e a Portugal, com o argumento de que “o Presidente da República tem que resolver a situação de impasse” político.
As bancadas do Governo continuam a contestar o impasse em torno da nomeação de alguns membros do Governo que o primeiro-ministro indigitou e a quem o chefe de Estado não deu posse, alguns por terem processos na justiça e outros por possuírem “um perfil ético controverso”.