Da Redação com Lusa
O Presidente português apelou nesta terça-feira a que as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, que arrancam em 24 de março, sejam “viradas para o futuro”, advertindo para o “risco” que seria “olhar só para o passado”.
Em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, depois de ter assistido a um encontro entre o fotógrafo Alfredo Cunha e alunos do 11.º e 12º ano de uma escola de Ferreira do Alentejo, no âmbito do programa “Artistas no Palácio de Belém”, Marcelo Rebelo de Sousa abordou as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, que irão começar dia 24, quando o país terá mais dias de democracia do que de ditadura.
“Há um risco que temos de evitar, que é o de pegar no 25 de abril e olhar só para o passado. É importante evocar o passado, olhar para o passado, celebrar o passado, homenagear aqueles que fizeram o 25 de abril – a memória é fundamental na vida de um povo – mas é preciso olhar para o futuro”, disse.
Depois de ter feito ‘selfies’ na varanda do Palácio de Belém com os alunos da escola José Gomes Ferreira, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “jovens como estes, e os que os antecederam”, consideram os eventos ocorridos na época de 25 de abril como “muito longínquos”.
“E, por outro lado, todos os que vivem hoje – os que são do tempo do 25 de abril e os que são do tempo posterior – olham para aquilo que existe, e olham para o futuro. Portanto, tem que se falar do presente e do futuro”, afirmou.
Durante o encontro com os alunos em questão, o Presidente da República afirmou que, enquanto professor universitário, apercebeu-se que muitos dos seus alunos “não tinham a mínima ideia do que se estava a falar” quando se abordava o Processo Revolucionário em Curso (PREC) ou o Movimento das Forças Armadas (MFA).
“Agora que se vai entrar no começo das comemorações – isto é da evocação dos 50 anos de 25 de abril, que eu quero que seja muito virado para o futuro – (…), eu tenho dito: não vale a pena fazer celebrações que sejam gênero um filme, do nosso tempo, chamado ‘Amigos de Alex’, em que eles se encontravam todos, todos os anos, no dia em que o Alex fazia anos, porque ele morreu mais cedo, para recordar o Alex. E ficavam agarrados à memória do Alex que não dizia nada a todos os outros”, sublinhou.
Interpelando diretamente Alfredo Cunha – autor de fotografias icônicas do dia 25 de abril de 1974, como o retrato de Salgueiro Maia -, Marcelo Rebelo de Sousa pediu que faça um livro que retrate os acontecimentos históricos que o fotógrafo testemunhou, de forma a transmitir aos mais jovens o que a sua geração viveu.
“Acho que faz falta alguém que faça essa ponte, que é sempre uma ponte insuficiente, porque é uma ponte feita por um dos lados, por uma das margens, e essa não transmissão é dramática. (…) Eu acho que você é daquelas pessoas que pode, pela fotografia, fazer essa ponte, porque uma imagem vale mais do que não sei quantas palavras”, desafiou.
Ucrânia
Também após o encontro, o presidente defendeu que a ida de três chefes de Governo europeus a Kiev é “o máximo da solidariedade possível” para com a Ucrânia, sublinhando que representa o “sentir da União Europeia”.
“É um sinal visível de como a União Europeia acompanha de forma muito próxima o que se passa na Ucrânia, não há maneira mais próxima do que verdadeiramente ir lá em plena guerra – já tinha acontecido antes da guerra – estar lá para dizer ‘olhe que nós, apesar de todos os riscos que pode haver numa deslocação destas, estamos solidários”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Os primeiros-ministros da Polônia, República Checa e Eslovênia a Kiev, se encontram com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, segundo o presidente português, “não podendo ir muito mais gente”, vão “os representantes de alguns dos povos” que “representam o sentir da União Europeia”.