Presidente pretende condecorar Zelensky presencialmente e ir a Kiev “logo que possível”

Foto MIGUEL A. LOPES/LUSA

Da Redação com Lusa

O Presidente de Portugal anunciou hoje que pretende entregar presencialmente o Grande-Colar da Ordem da Liberdade ao seu homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e reiterou a sua vontade de se deslocar a Kiev “logo que seja possível”.

“Eu tenciono entregar [a condecoração] pessoalmente quando for à Ucrânia. É o que tenho feito com os chefes de Estado e com outros condecorados com essa ordem e outras ordens: é, na medida do possível, na primeira ocasião, entregar-lhes”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O chefe de Estado falava aos jornalistas Picadeiro Real, em Lisboa, pouco depois de ter recebido a Força Operacional Conjunta (FOCON), que esteve em missão na Turquia.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que, quando decidiu condecorar a ex-chanceler alemã Angela Merkel, com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, também só lhe concedeu essa condecoração “algum tempo depois”.

“A chanceler Merkel não pôde – por razões da vida política alemã e, depois, da sua vida pessoal – deslocar-se a Portugal e eu não tive a oportunidade de ir à Alemanha. Recebeu algum tempo depois. Assim acontecerá com o Presidente Zelensky”, disse.

Questionado se faz sentido Portugal fazer-se representar oficialmente na Ucrânia nos próximos tempos, seja através do primeiro-ministro ou do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Eu não sei, falei com o senhor primeiro-ministro para saber exatamente o que é que ele pensa”.

“Eu continuo a tencionar [ir à Ucrânia], logo que seja possível e vamos ter finalmente uma nova embaixadora da Ucrânia em Portugal”, sublinhou.

Marcelo recordou que Portugal esteve “muitos meses” sem embaixadora da Ucrânia em Portugal, frisando que a anterior diplomata, Inna Ohnivets, “foi substituída, ficou ainda um tempo, mas, no fundo, numa posição transitória”.

“Chega uma [nova] embaixadora e, portanto, isso vai permitir programar para o momento em que a Ucrânia entender adequado uma visita minha à Ucrânia”, disse.

Na quarta-feira passada, numa nota colocada no portal da Presidência na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a condecoração do Presidente da Ucrânia, admitindo que antecipou o anúncio na sequência de uma “iniciativa parlamentar sobre esta matéria”.

“O Presidente da República tencionava anunciar no dia 24 deste mês, data em que se completa um ano sobre a agressão da Rússia contra a Ucrânia, a condecoração do Presidente Zelensky. Tendo em conta a iniciativa parlamentar sobre esta matéria, anuncia desde já que decidiu atribuir ao Presidente da Ucrânia o Grande-Colar da Ordem da Liberdade”, podia ler-se na nota.

De acordo com a edição do Público daquele dia, o PAN pretendia assinalar o primeiro ano da guerra com uma proposta de condecoração de Zelensky, o que levou o chefe de Estado português a antecipar o anúncio.

MNE

Também nesta quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português acusa o Presidente russo de fazer alegações “absolutamente alucinadas” sobre a guerra na Ucrânia, no discurso que proferiu na terça-feira, quando anunciou a suspensão de Moscovo no acordo sobre controlo de armas nucleares.

Numa parte de uma entrevista à agência Lusa, a ser divulgada na íntegra na sexta-feira, a propósito do primeiro ano da invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro do ano passado, João Gomes Cravinho apontou “um contraste muito grande” entre as palavras do líder russo, Vladimir Putin, e as atitudes do Presidente norte-americano, Joe Biden, que visitou de surpresa a capital ucraniana, Kiev, na segunda-feira.

Segundo o ministro português, há ocasiões em que um gesto, como a deslocação de Biden, vale muito mais do que um longo discurso.

Depois, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, houve “um longo discurso que, de facto, de eloquente nada teve”, em que o Presidente russo, Vladimir Putin, se dirigiu ao país.

“Desfia um conjunto de alegações, algumas absolutamente alucinadas, a dar a sua versão da história da guerra, que ele não chama guerra, chama uma operação especial, enfim por receio de dizer a verdade, e acusa o Ocidente em geral de ser responsável, quando há um único responsável por esta guerra que é ele próprio”, disse o chefe da diplomacia portuguesa.

Na terça-feira, o Presidente russo acusou o Ocidente de querer impor à Rússia uma “derrota estratégica” na Ucrânia e acabar com o país “de uma vez por todas”.

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