Da Redação
Com Lusa
O Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa voltou a vestir o colete de voluntário e começou o final da tarde a servir refeições numa casa de apoio a sem-abrigo da Santa Casa da Misericórdia no Porto.
De visita à Casa da Rua – D. Lopo de Almeida, no Porto em 08 de maio, Marcelo Rebelo de Sousa entrou na cozinha e ajudou as cozinheiras a servir as cerca de 70 refeições que esta noite, como todas as outras noites, foram preparadas.
Segundo explicou o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, a Casa da Rua apoia quem não tem onde dormir, quem precisa de uma refeição, uma morada ou um lugar onde deixar os seus pertences. “É um projeto vocacionado para os sem-abrigo, um espaço onde podem ter uma refeição ou pernoitar. Podem deixar os seus pertences, tomar banho, realizar higiene pessoal, ter uma morada”, explicou.
António, um dos frequentadores, comentou ao ser servido pelo “senhor Presidente”. “A comida [lombo de vitela, batatas e arroz] até teve outro sabor. Foi a primeira vez que foi um senhor doutor a servir-me. Quem diria. Até lavei as mãos duas vezes”, brincou.
Segundo António Tavares, a instituição “apoia 20 pessoas a pernoitar, mais de 80 a alimentar e outras tantas noutro tipo de apoio”. Para quem a frequenta, não é uma solução, mas é uma ajuda, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa seguiu, depois de se ter sentado vários minutos em mesas com os utentes da Casa da Rua, para a Rua Júlio Dinis, a primeira de uma série de artérias da cidade onde irá acompanhar consultas médicas de sem-abrigo e distribuição de refeições.
Aumento do voluntariado no país
O presidente ainda lamentou que as últimas estatísticas sobre a área apontem para que “pouco mais de 20% dos portugueses realizou trabalho voluntário”, considerando, contudo, que o número é melhor do que há uns tempos embora ainda insuficiente.
“É muito pouco. Mas apesar de tudo é muito mais do que já foi. Recordo-me de tempos quando não havia um incentivo das pessoas e das famílias, das empresas e dos escritórios, em que a média era cinco, seis, sete%. Mas temos de convir que 20% é muito baixo ainda”, disse o Presidente da República.
“Temos de aumentar o número de voluntários no nosso país. Isso é um apelo que é um apelo cívico. É uma questão de responsabilidade social”, frisou.
O chefe de Estado apontou como “prioridade na comunidade” a formação de voluntários, enfatizando a questão da faixa etária: “É uma prioridade renovar etariamente os voluntários. Temos de ter voluntários mais jovens no voluntariado nomeadamente no campo hospitalar. No quadro hospitalar é preciso fazer um esforço de maior apelo à juventude”.
Antes, o Presidente da República elogiou o trabalho dos voluntários e voluntárias de uma organização que comemorava 40 anos e junta mais de duas centenas de pessoas, apontando que a missão de um voluntário “é de uma abnegação total”.
“[O voluntário] tem de manter uma fé, uma esperança, uma capacidade de dar futuro”, disse no primeiro momento de um programa no Porto que inclui, além da visita à Casa da Rua da Santa Casa da Misericórdia do Porto e o acompanhamento de equipes de rua dos Médicos do Mundo e SAOM – Serviços de Assistência Organizações de Maria.