Presidente português saúda “subida de nível” nas relações políticas com a China

Da Redação
Com Lusa

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou perante o seu homólogo chinês, Xi Jinping, a “subida de nível” nas relações políticas bilaterais, considerando que existe igualmente “uma aproximação de pontos de vista no plano multilateral”.

“Estamos a conseguir converter uma relação de séculos de amizade, de conhecimento e de colaboração entre a China e Portugal numa realidade viva virada para o futuro”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, no início de um encontro com o Presidente chinês, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, alargado às respectivas delegações.

O chefe de Estado português, que iniciou uma visita de Estado à República Popular da China na sexta-feira, salientou a “subida de nível de cooperação”, com a passagem da “parceria estratégica” estabelecida em 2005 para um “diálogo estratégico” entre os dois países.

Esta “subida de nível” no plano das relações políticas bilaterais foi formalizada logo após o encontro entre Marcelo Rebelo de Sousa e Xi Jinping, através de “um memorando de entendimento para o estabelecimento de um diálogo estratégico”, assinado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros português e chinês.

Com este instrumento, Portugal e a China acordam em proceder a consultas políticas regulares sobre temas bilaterais e de política internacional e em aumentar os contatos entre as autoridades governativas, com visitas mútuas, uma vez por ano, ora na China, ora em Portugal, ao nível dos ministros Negócios Estrangeiros.

“Ao mesmo tempo, afirmamos pontos de vista, preocupados com a situação internacional, com uma perspetiva multilateral defensora dos direitos internacionais e universais, defensora das organizações internacionais, aberta à construção da paz, da segurança e do diálogo. Preocupada com a liberdade de comércio”, acrescentou o Presidente português.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “assim, soma-se à preocupação e ao aprofundamento bilateral uma troca de pontos de vista e uma aproximação de pontos de vista no plano multilateral e universal”.

Investidores

No sábado, o Presidente convidou os principais grupos chineses presentes em Portugal a irem além dos “investimentos financeiros” e investirem na “economia real” portuguesa, sugerindo-lhes também “projetos trilaterais” com países de língua portuguesa.

Num jantar em Pequim com dirigentes ao mais alto nível da China Three Gorges, State Grid, Fosun, Haitong e de outras seis empresas chinesas, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu-lhes por terem investido em Portugal num “momento importante e difícil para a economia portuguesa”.

Como argumentos para o investimento em Portugal, o Presidente da República apontou a pertença à União Europeia, bem como à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), considerando que isso “permite projetos trilaterais, envolvendo a China, Portugal e Estados dessa comunidade”.

Salientou também as relações com países africanos que não falam português, com o Brasil e com outras economias latino-americanas e o conhecimento mútuo de “há muitos séculos” entre chineses e portugueses, sem “nenhuma guerra”.

Língua

No domingo, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância da língua portuguesa para a projeção de Portugal no mundo, durante uma visita à China, onde 25 universidades têm licenciaturas em português.

“Não é possível separar Portugal da língua portuguesa. Há países que têm várias línguas, Portugal tem uma língua, fundamental para a sua projeção no mundo”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, num encontro com professores e agentes literários chineses.

Citando Fernando Pessoa – “a língua portuguesa é a pátria portuguesa” – o Presidente disse querer que “a relação entre China e Portugal seja excelente não apenas na economia e nos contatos sociais, mas também na cultura”.

“Queria agradecer tudo o que têm feito pela língua portuguesa” afirmou, perante representantes de editoras chinesas como a CITIC, Comercial Press e Archipel, e responsáveis pelo ensino do português em universidades de Pequim e Xangai.

Até 1999, apenas a Universidade de Estudos Internacionais de Pequim e a Universidade de Estudos Internacionais de Xangai tinham licenciaturas em português.

Desde então, as instituições de ensino superior da China Continental a incluir licenciaturas em português aumentaram de três para 25. No total, mais de 1.500 estudantes chineses frequentam agora cursos em português.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda que a língua portuguesa é “partilhada por muitos outros países e comunidades espalhadas pelo mundo”, incluindo em Macau, território chinês outrora sob administração de Portugal.

“A ligação entre Portugal e a China é muito antiga e é muito intensa: conhecemo-nos muito bem e gostamos uns dos outros há muitos séculos”, disse.

Durante sua visita, Marcelo Rebelo de Sousa faz passagens por Pequim, Xangai e Macau.

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