Presidente português quer saber a causa do surto de legionella “por questão de transparência”

Da Redação
Com agencias

O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou ser “muito importante, por uma questão de transparência”, saber-se a causa do surto de ‘legionella’ no Hospital Francisco Xavier, em Lisboa.

Manifestando pesar e solidariedade para com as famílias das vítimas de ‘legionella’, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que o ministro da Saúde já anunciou que espera ter o relatório sobre as causas do surto em breve, possivelmente para daqui a uma semana, “para saber exatamente o que tinha provocado naquela unidade hospitalar aquilo que se verificou que aconteceu”.

“É muito importante, por uma questão de transparência num serviço público, saber-se se a causa se localizou nesse serviço público, qual foi a causa e, portanto, a que conclusões chega o inquérito administrativo antes da investigação do Ministério Público”, afirmou aos jornalistas em Matosinhos, no distrito do Porto.

O chefe do Estado considerou que, olhando para o número de doentes internados nos cuidados intensivos — dois – e para o número de pessoas infetadas, tem a “sensação que o período de incubação terminou e que não é provável que haja um salto no número de casos e de casos graves”.

Marcelo recordou que, desde o início deste surto, que se sabia que “havia uma incidência muito ampla, que havia centenas de pessoas” que podiam ser infetadas, tendo em conta o número de internados no hospital, de pessoas que prestam lá serviço e do número de visitantes, calculando-se através de “um modelo matemático” que poderia atingir entre quatro a seis dezenas de indivíduos.

“Também o modelo matemático demonstra que há uma percentagem de pessoas mais frágeis, que podem eventualmente ser atingidas de forma mortal, o que significava, olhando para as pessoas [internadas] nos cuidados intensivos, que podia aumentar o número”, disse.

O Presidente notou ainda que “o número [de infectados] tem vindo a estabilizar” e que, “neste momento, há apenas duas pessoas nos cuidados intensivos”.

Marcelo Rebelo de Sousa disse também que, “na história recente do Serviço Nacional de Saúde” este surto é “um caso excecional”, não se encontrando “um caso análogo a este nos últimos tempos”.

“Olhando para o SNS espalhado por todo o país não faz sentido estar a generalizar aquilo que aconteceu naquela unidade. Olhado para aquela unidade, também nunca aconteceu nada semelhante no passado, por isso é que é fundamental apurar a causa e conhecer as conclusões daquele inquérito que o senhor ministro em devido tempo disse que seria divulgado duas semanas depois”, concluiu.

O Presidente da República considerou ser “sensato” esperar agora pelas conclusões do inquérito antes de “estar a dizer o que se tem de fazer”.

“Antes de se conhecer o que se passou é um bocadinho difícil estar a dizer o que se tem de fazer. É evidente que já se sabe alguma coisa do que se passou, mas se há um inquérito que está prometido para daqui a uma semana ou pouco mais de uma semana. O sensato é: vamos esperar pelas conclusões do inquérito, vamos saber o que é que o inquérito obriga a retirar de lições, nomeadamente em termos de fiscalização, em termos estruturais, logísticos, em termos do que for. Não vamos estar prematuramente a dizer faz-se isto”, concluiu.

O número de mortos provocado pelo surto de ‘legionella’ no Hospital São Francisco Xavier subiu para quatro, enquanto o número de casos de infetados aumentou para 44, anunciou ao início da tarde a Direção-geral da Saúde.

A ‘legionella’ é uma bactéria responsável pela doença dos legionários, uma forma de pneumonia grave que se inicia habitualmente com tosse seca, febre, arrepios, dor de cabeça, dores musculares e dificuldade respiratória, podendo também surgir dor abdominal e diarreia. A incubação da doença tem um período de cinco a seis dias depois da infeção, podendo ir até dez dias.

A infecção pode ser contraída por via aérea (respiratória), através da inalação de gotículas de água ou por aspiração de água contaminada. Apesar de grave, a infeção tem tratamento efetivo.

Por isso, a associação ambientalista Quercus pediu “alteração legislativa com caráter de urgência”. “A Quercus volta a alertar para a necessidade de se proceder a uma alteração legislativa, no sentido de um maior controle da qualidade do ar interior, equipamentos de ar condicionado, refrigeração, entre outros”, lê-se num comunicado da Quercus divulgado pelo Notícias ao Minuto.

Segundo ela, o Governo atual ainda não tem preenchido o “vazio legal”, identificado desde 2016, já que foi aprovada na Assembleia da República uma Resolução que recomendou a Reintrodução da Fiscalização da Qualidade do Ar Interior, com a correspondente pesquisa da presença de colônias de Legionella, recomendação que “não teve seguimento até à data” apontou.

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