Mundo Lusíada
Com Lusa
O Presidente português defendeu que o Brasil tem tudo para “continuar a dar certo”, apesar da falta de autoestima “muito portuguesa” de alguns brasileiros, e quer um filme sobre “a saga criadora de uma potência”.
“O Brasil é tão rico, tem tanta riqueza natural, humana, cultural, que tem tudo para continuar a dar certo. Podia ter só natureza e não ter riqueza humana, mas tem cultura, tem visão de futuro, tem universalismo”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Rio de Janeiro.
O Presidente português disse ficar “em choque” quando encontra amigos brasileiros “que não têm autoestima, que é uma coisa também muito portuguesa, que é não acreditarem no Brasil tanto quando deviam acreditar”, um “problema cultural que se ultrapassa”, frisou, depois de, mais uma vez, ter elogiado a organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
No segundo dia de uma visita de seis dias ao Brasil, Marcelo Rebelo de Sousa esteve no Museu de Arte do Rio, onde visitou a exposição “Leopoldina, princesa da Independência, das Artes e das Ciências”, e a exposição permanente do Museu do Amanhã, bem como a mostra temporária sobre Santos Dummont, “O poeta voador”.
Os museus vizinhos, ambos co-promovidos pela Fundação Roberto Marinho e a Prefeitura do Rio de Janeiro, situam-se na Praça Mauá, no revitalizado Centro do Rio de Janeiro, uma das áreas da cidade que mais qualificada foi pela vinda dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
No Museu de Arte do Rio, o Chefe de Estado viu a “exposição particularmente importante para Portugal”, que reúne o maior espólio alguma vez exposto sobre D. Leopoldina, a mulher de D. Pedro, que teve um papel relevante no processo de independência, entre outras facetas, como apoio à arte e ciência.
“Foi uma ponte entre a Europa e o continente americano, foi uma ponte entre aquilo que era o Brasil colonial e a independência. Foi uma personalidade ao lado de D. Pedro, na independência do Brasil, foi uma lutadora pelo Brasil”, sublinhou o Chefe de Estado, acrescentando que “bem mereciam D. Pedro e D. Leopoldina um filme, porque é uma saga criadora de uma potência mundial de hoje”.
A ideia de um filme sobre o casal, que casou por procuração quando D. Leopoldina ainda estava em Viena, já tinha sido lançada por Marcelo enquanto visitava a exposição, em conversa com o presidente da Fundação Roberto Marinho, José Roberto Marinho, e um dos curadores, Paulo Herkenhoff.
“Como é que nunca se fez um filme sobre D. Pedro e D. Leopoldina? É inqualificável. Nos Estados Unidos da América estava feito. Tem de se fazer, tem de se fazer, porque é a génese do Brasil”, dizia, tendo o assentimento dos interlocutores.
No Museu de Arte do Rio o ministro Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e o ministro da Cultura, Marcelo Callero (PMDB), acompanharam a visita à exposição e participaram do almoço com Marcelo Rebelo de Sousa, mas já não seguiram para o vizinho Museu do Amanhã.
Marcelo fez o percurso entre os dois museus a pé e algumas pessoas, ao ver um grupo de homens de fato, sem se aperceberem de quem se tratava, gritaram alguns “Fora, Temer!”, um dos slogans dos opositores ao processo de destituição de Dilma Rousseff que está em curso e na sequência do qual Michel Temer se tornou Presidente interino.
Dentro do moderno Museu do Amanhã, um edifício do arquiteto Santiago Calatrava, que sob o mar sugere a boca aberta de um jacaré, Marcelo Rebelo de Sousa despertava a atenção dos visitantes, que o cumprimentavam e pediam para tirar ‘selfies’ e fotografias.
Em muitos dos visitantes, o Presidente encontrou descendentes de portugueses. “É o Presidente da terra do vovô e da vóvó”, dizia uma mulher para o filho pequeno, ao seu colo.
Uma outra senhora disse a Marcelo Rebelo de Sousa: “O meu pai era português”. “De onde?”, interessou-se o Presidente, e perante a resposta, Águeda, ditou que era uma terra de ótimos leitões. “Como Presidente da República não posso manifestar preferências. Sou o Presidente de todos os leitões”, ironizou.